Capítulo 10

O fogo destruía tudo, Khatar e Oscar pulam para casa da esquerda enquanto Chris Ka e Solaire pulam para casa da direita, as paredes de tijolos e rochas eram do tipo que resistiria às chamas.

– VOCÊS ESTÃO BEM? – Grita Oscar para seus companheiros que estavam à direita.

Solaire olha para Chris Ka e depois volta os olhos para o cavaleiro de Astora – SIM, ESSA FOI POR POUCO!! –, grita de volta como resposta.

– É UM DRAGÃO! É O VIRIBUS, ELE USOU-NOS!!!! – Diz Oscar cheio de raiva.

Solaire contorce-se para fora da parede que servia de escudo na tentativa de conferir a localização do dragão, ele estava sobrevoando a vila, não parecia ter outra intenção além de querer destruir tudo, quando o ser alado se aproxima repara em um detalhe, recolhe-se e depois grita para que Khatar, Oscar e Chris Ka pudessem ouvir – NÃO É O VIRIBUS!! ELE TEM OLHOS VERMELHOS E ESCAMA NEGRA, JÁ ESSE DRAGÃO TEM OLHOS AMARELOS E ESCAMA VERMELHA!!!!

Oscar reflete com Khatar – Como isso foi acontecer? Soltamos um ser titânico e aparece outro dragão agora?

Solaire grita de novo – TEMOS QUE PENSAR EM UM PLANO, ENQUANTO ELE ESTIVER VOANDO NÃO IREMOS CONSEGUIR IMPEDI-LO! –, depois diminui a voz, mas Chris Ka pôde ouvir – Pelo menos tentar...

Oscar observa o cenário e depois diz seu plano – Khatar há uma escada ali! –, aponta para um alto corredor de degraus de minério comum da casa, o teto estava exposto totalmente por causa do fogo que consumia o lugar – Aquela escada não irá rachar quando subir, use ela para ganhar altura e pular no dragão, dê sua melhor machadada! –, olha para Solaire e Chris Ka que apesar de não ouvirem o que havia dito antes entenderam com os gestos, ele grita então – VOCÊS TERÃO QUE ATACAR A DISTÂNCIA, NÃO VEJO OUTRA ALTERNATIVA, USEM A PAREDE DESSA CASA COMO COBERTURA CASO ELE JORRE LABAREDAS SOBRE NÓS NOVAMENTE! –, Solaire questiona – E VOCÊ OSCAR?

Oscar levanta-se e segura firmemente seu escudo – EU SEREI A ISCA!!! VOU ATRAÍ-LO PARA CÁ, CASO TENHAMOS SORTE ELE IRÁ POUSAR! – Solaire considerava aquilo suicídio, mas compreendia que era necessário ser feito.

O cavaleiro de Astora toma coragem e corre para fora da casa, grita para o dragão ouvir – EI! SUA LAGARTIXA DE ASAS DE MORCEGO, VENHA ME PEGAR! –, o dragão ouviu e avança sobre ele, sua velocidade foi tamanha que derrubou Oscar com o vento de suas asas. A criatura pousa entre as casas, agora que estava próximo era possível ver o quanto grande era, mas não como Viribus, seu tamanho era relativo a uma casa de três andares no máximo.

Como havia pensado, não era Viribus - a diferença era clara. Tinha suas dúvidas e sabia que muito era possível, dado todos os acontecimentos até então, mas de qualquer forma - estava claro. Os olhos revelavam que não era o mesmo dragão. Agora, vendo-o um pouco mais de perto, não tinham nem mesmo o tamanho igual, essa dragão era menor - não que fosse pequeno, mas não havia comparação justa entre os dois. Outro ponto é que, embora Viribus tivesse uma dificuldade para soltar suas palavras, ele falava e era ciente, ao ponto que esse dragão de agora, não disse se quer uma palavra, apenas atacou e destruiu. Se fosse ciente, estava agindo com maior crueldade ainda.

- Na quilha virada e com um coração de aço...

Iniciou sua prece pessoal e assentindo à Oscar que colocara sua vida em risco naquele momento. Tomaria o lugar do cavaleiro em qualquer momento, já havia até cogitado essa possibilidade, mas ele conseguiu seu objetivo e fez com que o dragão pousasse, ainda num local que lhe concendia uma vantagem importante para iniciar o combate - seria imprudente se arriscar removendo ele dali e perder a oportunidade de conseguir um golpe crucial contra a criatura. Ao mesmo tempo, não medir exatamente quais eram as forças do dragão poderia trazer um fim prematuro à vida de Oscar. Imaginava o inferno que deveria estar sentindo, se mesmo com uma distância maior o calor fazia seu rosto arder e empurrava os fios de cabelo da frente da testa. Trouxe o machado ao ar - média altura, segurando a haste do mesmo com força, certificando-se de que não haveria falha em sua execução e flexionou as pernas, teria que ser rápido e teria que ser preciso.

- Gelada é a brisa do mar e a morte está a caminho...

Não havia espaços para erros nesse momento, além disso tudo - não sabia como, mas o combate precisava ser rápido - um ser daquele teria uma resistência absurda, por outro lado - nós estamos há quase um dia inteiro acordados, sem descanço e sem comida. Cada minuto de combate, com o estresse e a adrenalina, seria mais difícil. Largou a correr, o impulsou marcou o chão com as botas e pisou com força, as passadas largas e rápidas subiram os degraus em poucos movimentos, o machado que balançou de um lado para o outro no caminho, subiu na altura da cabeça e ali ficou. Não parou para calcular distâncias ou caminhos para perseguir no trajeto, quando chegou a hora de saltar, saltou - desceu o machado num movimento rápido de cima para baixo e mira no meio das costas do dragão, esperava causar o máximo de dano - além de chamar completamente a atenção da criatura para que deixasse Oscar em paz e fosse ele o objetivo, chegando no ponto mais baixo, forçou seu corpo para que sue peso fosse somado a sua força.

- Cada um deve morrer um dia!

Cerrou os olhos e pensou no ataque, no choque que aconteceria entre a lâmina do grande machado contra o gigante dragão. Não pensou no dano que causaria ou como seria o impacto, focou sua mente apenas para que fosse bem sucedido em acertar e ao menos, como um resgate da situação, chamasse a atenção da fera para ele próprio e pudesse dar a chance à Oscar de também realizar algum tipo de ataque num momento oportuno, assim como foi oportuno a ele a chance recebida.

Viu as contribuições de todos e por fim o ataque de Solaire. Aquilo, com certeza, não era normal e talvez esivessem entrando em algo do qual não pudessem mais sair. Talvez Solaire tivesse omitido algumas coisas de seu passado, ele com certeza era um ser peculiar, escandaloso em alguns aspectos, mas não imaginou tão poderoso. Não tinha muito tempo para pensar nisso ou ficar analisando mais a fundo, precisava se concentrar na tarefa em sua frente e o novo dragão ainda estava vivo e como já havia decidido, isso precisava acabar o mais rápido possível. Foi uma sucessão de poderosos golpes e mesmo assim, ele ainda estava de pé.

Khatar arrancou o machado das costas do dragão, puxando para o lado e ali - de pé nas costas da criatura, flexionou suas pernas se acostumando com aquele novo 'solo', trouxe o machado para o alto e desceu de uma só vez, mais uma vez, no mesmo local que havia acertado antes. Quando mais pudesse prejudicar aquela mesma ferida, melhor - talvez pudesse causar algum sangramento que nçao tivesse reparo e então derrubar a criatura precocemente. Não entendia muito bem da fisiologia dos dragões, mas alguma coisa deveria passar por ali - uma veia, algo que conectasse-se com alguma parte vital.

Ignorou o seu redor e repetiu sua última fala, ecoando a prece. Servia para o respeito à criatura pela qual estava lutando, assim como ele próprio - caso fosse seu destino ser derrotado.

- E cada um deve morrer um dia!

Não pareciam haver mais pessoas naquele lugar, só eles contra o dragão, dificilmente poderão voltar a viver nesta cidade, estava tudo devastado, as casas destruídas, as plantações dizimadas e as memórias tornar-se-iam cinzas. Aquele inimigo era resistente, continuava firme em sua posição mesmo após tantos golpes desferidos, inclusive a lança de raios de Solaire, o que fora uma surpresa a todos, um sujeito tão descontraído, nunca passara firmeza sobre suas qualidades em combate, sempre enaltecendo o colega Oscar, talvez fosse humilde demais para dizer que ele, sim, era um guerreiro mais poderoso.


Talvez não fosse o momento para pensar nisso, nem sobre o fato de como aquele dragão surgiu, Viribus havia dito que há tempos teria sido preso na caverna após rebelar-se a Lord Gwyn quando ele enviara Ornstein, o Matador de Dragões, para destruir suas crias, seria ele capaz de criar dragões tão rapidamente? Vocês poderiam refletir.

Se o problema de Viribus era com os Deuses Venerados, por que enviaria uma cria sua para destruir uma vila relativamente desconhecida? Seria uma provocação? Uma tentativa de chamar atenção sobre seu retorno? Não teria como saber, não naquele momento.


Chris Ka estaria numa pequena casa de tijolos, não fora visto pelo inimigo, poderia planejar alguma estratégia enquanto estava lá, até mesmo elaborar uma magia, não tinha posição muito privilegiada em relação a residência anterior, mas serviria ainda assim.


Khatar aumenta o estrago nas costas do réptil alado, poderia ver que sua carne começaria a aparecer e isso irritara a criatura. O Dragão Vermelho sacode-se para fazer Khatar sair de sua costas, mas não fora capaz de conseguir, ainda assim, vira que Oscar estava a sua frente, seu pescoço de claro passaria para avermelhado, a boca encheria até que ele jorra uma rajada flamejante sobre Oscar, estava muito próximo para desviar de um ataque tão direto.

– OSCAAAR!!!!! – Grita Solaire.

A rajada de fogo atingira em cheio Oscar, o impacto fizeram ele ser levado pelo ataque até colidir com uma casa que jazia um pouco atrás. Seu escudo e armadura eram resistentes a danos mágicos, mas as chamas eram poderosas de mais.

Muita fumaça alastrava-se com o fogo, Oscar não estava mais lá, certamente teria aproveitado o momento para arranjar um lugar estratégico para surpreender o dragão.

Solaire formara faíscas em sua mão esquerda de novo, sua lança de raios era seu trunfo para esta batalha.

– Toma isto! – Arremeça a lança Solaire.

A sucessão de ataques era constante, mas estava difícil de fazer com que o dragão caísse. Mais uma vez, aplicando de suas energias - arrancou o machado na ferida do dragão, o ergueu e então golpeou novamente. No mesmo local. Na mesma forma e força, ou no que havia dela ainda. Imaginou-se cortando a mais grossa das mais altas árvores que já vira, pois não lhe é concebível que a criatura pudesse aguentar tantos golpes e de tantas direções diferentes. Ainda mais os relâmpagos que eram disparados vindos de Solaire, o estranho cavaleiro que agora mostrava ser muito mais do que aparentava e só tinha a agradecer por ter esse cavaleiro ao seu lado nesse momento.

Após Chris Ka desenhar a runa no ar, chamas surgem tomando forma de um corpo humanoide de 1 metro aproximadamente, ambos encontravam-se fora do campo de visão da criatura alada.

Soldados da região apareceram para conter a ameaça, alguns que portavam lanças arremessaram-nas, o dragão ficara incomodado e começa a agir de maneira imprevisível, dando um salto sobre o grupo que o atacava disparando rajada de fogo neles.

Todos morreram, sem exceção.

Sua raiva encontrava-se mais forte no guerreiro que o feria em suas costas, olhando para as diversas casas que mantinham-se em pé ainda, o Dragão Vermelho decide chocar-se neles para derrubar o herói Khatar.

Em velocidade, o Dragão avançava destemidamente para uma casa grande de tijolos que mantinham-se em pé, jogou-se de costas contra parede, Khatar tomara o baque, mesmo tentando ficar fixado usando seu machado, o impacto foi forte o suficiente para derrubá-lo, vários escombros caíram em cima do herói, não apresentando sinal de vida naquele instante a criatura constataria como morto e logo após passa a procurar pelos outros que o importunavam.

Oscar não dera qualquer sinal, o que houve com ele? O fogo não era forte o suficiente para fazer ele desaparecer.

Solaire continuaria com sua investida de raios.

– Esse monstro é poderoso, já estou ficando sem energia, o quanto será que ele aguenta? Será que aguentarei ainda nesse ritmo? – Solaire conversa consigo mesmo preocupado, vocês heróis poderiam perceber que ele estava ficando cada vez mais sem folego, o poder consumia muito de suas forças.

Soldados surgiram - mal treinados, óbvio - assim como eles - nunca foram treinados para esse tipo de situação, como poderia? Como poderiam imaginar que sairiam de suas casas e iriam enfrentar um dragão? Um ser vindo dos livros de história para crianças, que atirava fogo com sua boca e tinha asas que cobriam exércitos. Todos mortos em uma fração de segundos, bastou o peso da criatura e mais nada. As lanças atiradas contra a pele dura da criatura talvez não tivessem tido nenhum tipo de dano, Khatar acertou em cheio três machadadas nas costas do dragão. Três ataquem que derrubariam até mesmo um homem em traje de combate, mas o dragão continua de pé e apenas um pouco mais irritado do que antes.

Após o ataque dos soldados, ainda estava em suas costas - ainda teria mais uma chance de tentar derrubar a criatura. Mas sua mente não precisou ir muito longe. O dragão jogou-se contra uma das casas, acreditou ser melhor se ferir e remover Khatar daquela posição - e realmente, se estava longe de ser derrotado, não havia muito o que fazer. Funcionou - o guerreiro de Monte Ferro foi derrubado no meio de escombros, mas não permaneceria assim por muito tempo. Assim que recobrou sua consciência, ficou na posição da queda e concentrou-se - não teria a mesma oportunidade de antes, então seria melhor calcular suas próximas ações de maneira correta. Preparar o ataque e tomar cuidado com sua recuperação.

O combate estava caótico.

Dragão Vermelho perderia de vista Chris Ka, institivamente considerou como mortos Oscar e Khatar, pois não estavam mais agindo em seu campo visual, restava Solaire, que era o maior incômodo dessa batalha, ele estava distante e com isso decide avançar para o ataque, mas disparos de fogo acertam sua boca, procurando pela origem dos tiros, acaba encontrando uma pequena criatura flamejante, era o Elemental de Fogo de Chris Ka.

O fogo não causara efeito algum.

Ignora o pequeno elemental e avança novamente até Solaire.

– Droga, ele está vindo! – O cavaleiro de brasão de sol espanta-se com a velocidade do ser alado, não teria tempo para reagir.

A criatura chega até o herói para abocanhá-lo.

Solaire é abocanhado pelo Dragão Vermelho, seus dentes perfuram sua armadura e o ferem, seu sangue espalha no corpo do guerreiro, depois é cuspido para longe. Era possível ver que estava vivo ainda, mas seus movimentos estavam cambaleantes, será que ele aguentaria mais? Poderiam pensar.

Khatar observou tudo, não poderia ajudar o companheiro naquele momento, mas tivera uma ideia: como o dragão saiu do lugar, agora estava perto de uma igreja, nela havia uma alta torre com um grande sino, poderia usar a torre para ganhar altura, jogar-se no Dragão novamente e poderia usar o sino para chamar atenção do Dragão caso afastasse, mas estava distante, levaria um tempo para alcançar.

Chris Ka esconde-se em outra casa mantendo alguma defesa e vantagem visual.