Capítulo 10

Ergueu-se dos escombros com cuidado para não chamar a atenção da criatura, bateu nas vestes se livrando da poeira e resquícios da queda. Observou com cautela as ações de todos presentes, estavam com um problema que talvez fosse grande demais para o pequeno grupo, mas era importante manter a calma e calcular bem quais seriam os próximos ataques - uma vez que, um grupo bem maior de soldados foi completamente dizimado há pouco. Decidiu por fim que iria unir suas forças com Oscar, talvez não da mesma forma que antes - mas o local nas costas do dragão era um ponto que poderia causar mais estrago e não ser ferido, podendo perpetuar os ataques por mais vezes e talvez, com isso, causar um fim um pouco mais próximo ao dragão que os atacava. Talvez até conseguisse chamar a atenção do mesmo novamente para que tentasse o chamar dali e não atacar seus companheiros. Segurou firmemente o machado e iniciou a corrida na direção da torre da igreja, viu o sino no alto da mesma e teve uma ideia que poderiam ser bastante útil ao grupo. Seu foco seria ir até o sino propriamente dito - não somente a corda - mas achar um meio de subir a torre até que estivesse bem próximo do sino. Tinha uma idéia de seu proceder e o faria na medida do possível para que pudesse ajudar e aproveitar suas forças ao máximo, visto que o tempo não era um aliado tão forte nesse momento, teve sorte no primeiro ataque que recebeu da criatura - mas Oscar e Solaire sofreram bastante, um foi queimado e o outro abocanhado. Firmou os pés e apertou o passo, tendo como foco chegar até o sino.

O elemental de fogo continuava em sua sequência de tiros de fogo, apesar de não causarem dano, acabou distraindo, sua posição favoreceu a mira de Ka e em um tiro certeiro sua flecha perfura o olho esquerdo do dragão. A dor aguda e a perda da visão em um dos lados deixara a criatura autodestrutiva, batendo com a cauda em todas edificações e demolindo tudo, inclusive o local que se encontrava a runa do elemental que, com isso, desaparece.
Mas no meio dos destroços que voavam para todos os cantos, cai até Ka uma bolsa, ao averiguar descobre que encontram-se 5 flechas de material raro nela, seu conteúdo era desconhecido, ainda assim era capaz de julgar ser uma arma poderosa e viria calhar nesse combate.


Khatar consegue passar rapidamente no meio do caos e não é notado, a escadaria da torre desfazia-se, havia algum receio de não conseguir alcançar, contudo chega até o sino. Estava próximo do Dragão Vermelho.

Destroços voam para todos os lados.

Dragão Vermelho destrói tudo inclusive a torre e a casa que se encontra Chris Ka, não havendo mais lugares para se esconder. Khatar precisará agir rápido para que seu plano não fracasse. E Chris Ka fica exposto.


Era possível ver que a criatura não aguentaria muito mais.


Agora que Ka estava visível o Dragão Vermelho jorra rajadas de fogo nele.


[...]


Solaire levanta-se e ataca a pata do inimigo com sua espada e Oscar mantém a sequência de ataques nas costas do dragão.

Era um milagre não ter sido sido percebido no caminho, as passadas eram firmes e marcavam o solo a medida que caminhava. Os degraus estavam quase destruídos e pareciam desfazem a medida que subia, mas atingiu seu objetivo - o sino. Faria algo arriscado, mas era necessário tentar e fazer o possível para que isso acontecesse - tinha que, de alguma forma, acelerar a velocidade daquela luta. Tentou golpear o dragão por três vezes seguidas e isso não pareceu surtir um efeito positivo para o lado deles. Sua ideia poderia lhe causar algum prejuízo, mas no momento exato, não via alternativas de seu lado. Nada do que pudesse fazer além de sua nova ideia, parecia causar um efeito verdadeiramente real no dragão.

No sino, botou a lâmina do machado na corda do mesmo, então com o braço livre - abraçou o sino como conseguiu, tomou um impulso vindo do puco chão que lhe restava ali. O empurrão cortaria a corda e o jogaria para baixo, levando tanto Khatar como o sino da igreja - talvez, até mesmo a torre do local, dado as condições atuais da construção, tendo como objetivo atingir o dragão, na altura que pudesse - talvez o peso dos dois munidos da gravidade forçando o puxão para baixo pudesse causar um dano mais significativo.

Foram os segundos mais demorados na vida dos heróis.

[...]

Chris Ka tivera a sorte do destino, talvez Viribus estivesse cuidando dele, poderia pensar nisso quando as flechas especiais caíram em sua direção. Era a chance de derrotar aquele monstro. Seus olhos fixam no inimigo, suas mãos firmes e precisas, mesmo no suor do calor causado pelo incêndio, mesmo após ter sido atingido pela rajada de fogo, ainda era capaz de ser eficiente, pelo menos nesse tiro.

Um disparo é feito.

[...]

Ao mesmo tempo Khatar preparava-se para saltar sobre o ser alado, teve de ser apressado, pois a edificação desfazia-se em ruínas após ter sido atingido pelo ataque do Dragão que encontrava-se enlouquecido.

Não haveria outra chance, tinha que dar certo. Saltou.

[...]

Oscar continuava a atacar por cima do inimigo.

– VOCÊ IRÁ MORRER!!

[...]

Solaire arriscara-se num ataque direto, totalmente exposto e suscetível a ser atacado com facilidade pelo Dragão Vermelho. Não se preocupava com isso, queria apenas garantir a segurança de todos, sua vida não tem valor se tiver falhado como cavaleiro.

[...]

O fim estava próximo.

Todos morreriam nesse combate?

[...]

O Dragão destruiu toda a cidade, matou pessoas, incendiou casas e lembranças, esmigralhou a paz de um povo, alegria seria recuperada novamente algum dia?

Seriam os heróis responsáveis por isso? Viribus, depois Dragão Vermelho... Coincidência demais, arrependimento poderia bater na porta do coração dos guerreiros.

O que fazer depois disso tudo? Talvez não importasse, afinal, talvez fosse o fim.

Como heróis sobreviveriam a um combate contra uma criatura mitológica?





[...]





O Dragão Vermelho cai.

Todos os heróis caem.

A batalha terminara.



Os últimos ataques desferidos pelos guerreiros encerraram o fogo da vida daquele monstro alado.


Vocês feridos e exaustos pelo combate, levantam-se para mostrar que estavam vivos aos seus companheiros e a si mesmos, mais por isso mesmo, pois o cansaço exigia descanso imediato.


– Companheiros, todos estão bem? – Pergunta Oscar.

Solaire gesticula que sim.

Definitivamente não estava satisfeito. Ergueu-se, olhou o machado limpou o sangue do dragão em suas próprias vestes. Teria tempo para cuidar dos seus trajes depois, mas era bom estar sempre com uma lâmina pronta para caso fosse necessário um próximo combate. Viu Ka retirar um pedaço das escamas e achou por bem que isso também lhe seria útil, guardou um pedaço também para si - isso seria útil, com certeza - ainda mais considerando o quão difícil foi penetrar as escamas com um machado grande que possuía.

Olhou ao redor, procurando pelos cavalos - seria difícil encontrar, provavelmente teriam se assustado com tudo o que aconteceu, mas seriam o caminho dali mais rápido. Passeou rapidamente pela região, assim como Ka, para que pudesse encontrar alguém, qualquer um que pudesse explicar de onde viera o dragão.

– EI! Povo, aquele demônio morreu! – Uma pessoa gritava de longe, sinalizando para que outros se aproximassem.

Então várias pessoas da vila surgem, todos curiosos, por mais tristes que estivessem com a tamanha perda, era um milagre sobreviverem e isso já era motivo de comemoração apesar de tudo, mas, algo não entendiam, como aquela besta alada morrera.

Uma pessoa chega até vocês heróis e questiona – Vocês estão bem? Eh... O que houve aqui? Como essa aberração morreu? –, Solaire levanta as mãos e olha para seus companheiros, sabia que poderia dizer com orgulho o grande feito de todos – Nós matamos este dragão!

– O QUÊ? MATARAM O DRAGÃO????? – Ele grita surpreso, as pessoas em volta ouvem e começam a murmurarem e fofocarem entre eles, várias perguntas surgem, mas poucos eram céticos para duvidarem do que foi dito, tudo indicava que só eles poderiam ter vencido.

Então aquela multidão se aglomera entre os heróis e levantam-nos, erguendo-os para o alto aos gritos "NOSSOS HERÓIS!!!!", "MATADORES DE DRAGÃO!!!!", "SALVADORES DE NOSSA VILA!!!!", "VIVA!!!!!!". Talvez a vida de herói fosse pesada, um enorme fardo, porém há seus momentos de glória.

As pessoas perguntam quem eram eles, gostariam de saber quem eram os heróis.

– Eu sou Solaire de Astora...

– E eu sou Oscar de Astora...

– Nós somos guerreiros de Midland! – Disse Solaire, apesar de ter se lembrado dos problemas que terão de resolver quando voltarem ao reino deles.

Baixou um pouco a cabeça ao ouvir os gritos do povo e cessou sua busca, as pessoas estavam ali - as que tinham sobrevivido, estavam ali. Seu sangue ainda estava quente de tudo o que tinha acontecido, em diversos momentos do combate teve a certeza completa e absoluta de que iria morrer e que encontraria seu criados, enfim um descanço e um julgamento. Quando esteve de frente com a criatura, quando foi jogado contras os escombros de uma casa, quando circundou o flanco da criatura e por fim, quando saltou da torre da igreja - sendo o momento máximo, achando que poderia com certeza morrer, mas ao menos salvaria seus companheiros. Saiu novamente de seu transe quando ouviu Ka citar seu nome para a multidão.

- Todos arriscamos nossas vidas, mas isso não é importante agora. Quem é o responsável pela vila?

Como talvez tivesse um pouco de atenção no momento, seria prudente falar com alguém que os pudesse direcionar e auxiliar com algumas coisas. Precisavam de um indicativo de onde é que o dragão teria vindo - aquele não era Viribus, com certeza, mas poderia ser um de seus 'soldados' ou mesmo algo que foi liberto juntamente com ele. Se fosse esse o caso, tinham uma responsabilidade maior com relação a tudo. Não somente informação, mas não via sinal de seus cavalos e qualquer que fosse o rumo que tomassem, iriam precisar dessas montarias em breve - seja para resolver a situação em Midland e descobrir as reais intenções de Griffth, assim como descobrir quais seriam os próximos passos de Viribus.

Ainda tinha mais uma coisa - que talvez não afetaria tanto a sua vida, como os dois pontos acima - mas que deveriam ser explicadas em breve. O excêntrico Solaire tinha um poder que Khatar nunca tinha visto, durante a batalha não teve muito tempo para pensar nisso - mas muito em breve, seria o momento de questionar quem era aquela figura que os acompanhava. Khatar sabia e conhecia sua força, viu que depois de apenas diversos golpes usando toda a sua força, conseguiu furar as escamas do dragão. Viu que Oscar e Ka também tiveram suas dificuldades para causar dano real. Mas Solaire fez estragos com sua lança de luz e por repetidas vezes.

Após a fala de Chris Ka sobre Khatar os civis começaram a palpar os grandes músculos do bravo guerreiro, – Como são duros, parecem de aço! – disse uma jovem moça que tocava em seu braço.


Chris Ka mantinha-se precavido, era cuidadoso e não tinha costume com aglomerações de pessoas, poucas pessoas possuem esse costume na verdade, mas pouco a pouco as pessoas mostravam que não tinham más intenções, estavam realmente felizes pelo heroísmo dos 4 cavaleiros, a tragédia fora enorme, mas poderia ter sido muito pior.

[...]

A noite chega e os heróis, feridos e cansados, foram persuadidos a repousarem no vilarejo vizinho nos quais os guardas de lá haviam chegado para auxiliar nas necessidades da população e reconstrução da vila.

[...]

Já estavam os quatro em um aposento humilde, mas confortável o suficiente para pessoas que já passaram por diversos problemas e desafios. As paredes eram de madeira, formado por colunas de troncos de árvores, o teto era de palha, havia cama para todos, eram de madeira com um tecido confortável cobrindo-as, como o quarto era pequeno uma vela já iluminava todo o recinto.

– Aconteceu muita coisa hoje, ainda preciso de um tempo para assimilar isso... – Oscar fala instropectivamente consigo, depois retoma a fala, agora olhando para todos – Será que o que aconteceu hoje chegou até Midland?

– Não sei, mas devemos repousar para amanhã cedo irmos até Midland! – Diz Solaire, sabendo que todos estavam decididos quanto a isso.

Recostou-se em sua cama e brigou um pouco com o sono enquanto ouvia os demais. Estava exausto. O dia de hoje e o dia anterior tinham sido cobertos de toda a sorte de atividades e não deram muito tempo para o descanço. Cavalgaram por horas até a montanha onde estava o príncipe, andaram por horas dentro da caverna, tiveram o encontro com Viribus e a batalha contra o dragão. Tudo aquilo o consumiu por completo e esvaziou um pouco sua cabeça de outras coisas, pensava nos músculos doendo e na possibilidade próxima da morte que teve em diversos momentos no confronto com a besta de fogo. Olhou brevemente para a pequena bolsa que carregava e as escamas que adquirira após o combate, poderiam ser úteis - mas com certeza seriam um lembrete de tudo aqui, tão somente para caso acordasse no dia seguinte e tudo aqui fosse uma grande mentira. Era uma luta difícil - o cansaço - não desistiu, mas mesmo assim, foi tomado por ele e apagou.

O dia seguinte viria logo e talvez seus problemas pudessem piorar um pouco.