Crohar estava tão frustrado quanto seus colegas já que a situação se encaminhava para um beco sem saída, mas ele não queria ficar de fora, só queria ajudar da forma que pudesse. Porém ele acaba entendendo que talvez a resposta não seria tão simples assim.
Lin escreveu:– nós viemos ver o mago justamente para ele nos ajudar a ler o diário porque ele está escrito em código e ninguém consegue ler, nem o senhor Galadon.
- Hei... - Ta'burz levantou uma das mãos como se a Elfa tivesse apontado a arma pra ele. Não pôde deixar de sentir o tom de voz levemente irritado da Guerreira.
- Tá bom, tá bom... Nalklyr escreveu:-Excelente ideia Tab'uz! Enquanto eu estava imerso em meus pensamentos ainda aguardando algum que guiasse meu caminho, você foi preciso! Você parece não ser tão comum de sua raça, o que é ótimo! Porém, não temos como ler o diário com esses códigos. Se não encontrarmos a palavra-passe você pode derrubar a porta. Confessos que não queria causar muitos danos a propriedade do mago...mas se ão tivermos alternativa...
Dessa vez o Bárbaro ficou quieto, tentando analisar - com certo esforço - se Nalklyr não estaria sendo sarcástico com ele.
Galadon escreveu:Passei horas analisando esse diário, ontem, então se existe uma senha escondida nele ela me escapou completamente. Talvez um de vocês queira folheá-lo? Dizia o mago, embora seu tom deixasse clara a sua falta de fé num resultado diferente.
O Meio-Orc se mexe desconfortável, trocando o peso nas pernas. Nitidamente estava desconfortável naquela situação, sua pele esverdeada ganhou cor na área das bochechas, mas sua expressão era raivosa. Ninguém ali sabia que o Bárbaro era analfabeto, e ele tão pouco queria que essa informação vazasse, principalmente por estar envolto de Magos, Feiticeiros, Guerreiros, Bardos... Ah o Bardo, com certeza seria o primeiro a zombar de Ta'burz. Quando Galadon mostrou o livro e ofereceu pra quem quisesse, o Meio-Orc deu um passo pra trás e desviou o olhar.
- Olha, tá bom... Eu entendi... - Mais uma vez fez um movimento esquivo com a mão.
- Eu só... Estava tentando ajudar... Eu acho que... Vou dar uma olhada por aí e assim deixo vocês pensarem em alguma coisa útil, okay? - Ele dá mais alguns passos para trás.
- Vou estar... Aqui do lado... Qualquer coisa gritem.E dando as costas de cabeça baixa, o Bárbaro sai pisando firme pelo corredor e desce as escadas, voltando para o salão principal. Sua respiração era pesada, estava suando bastante e sentia raiva de si mesmo, sem ter um motivo principal, apenas uma confusão de pensamentos.
Acostumado a viver sozinho por quase toda sua vida, o que ele mais temia eram os julgamentos que a sociedade teria a seu respeito, sua raça ou até seu jeito de viver, por isso Ta'burz muitas vezes se afastava, escolhendo uma vida selvagem no lugar de uma cidade bonitinha e bem estruturada. Estar só fazia com que ele conseguisse organizar seus pensamentos e, muitas vezes, controlar sua raiva, pena que sempre havia o lado oposto: Ficar sozinho também o fazia lembrar de sua falecida família.
- Flashback:
- Papai!! Papai!! Olha o que eu achei!!
Um garotinho pequeno, de no máximo 7 anos, pele esverdeada, cabelos pretos desgrenhados e dentes caninos protuberantes entrou correndo na casa segurando uma pena azul de algum pássaro silvestre e, por muito pouco, não trombou com o Grandalhão que vinha saindo.
- Olha!! Olha!! Olha!! Estava caído aqui atrás de casa.
Ta'burz abaixou para ficar na altura do menino, colocou sua mãozorra na cabeça do garoto e sorriu.
- Que bonito filhote, muito mesmo. Parece que temos um explorador na família. - O Garotinho abriu um sorriso mais largo que o do pai. - Pois bem, por que você não procura o dono dessa pena bonita? E assim, quando o papai voltar do trabalho no campo, você me conta tudo o que conseguiu descobrir a respeito dessa ave misteriosa.
O Bárbaro puxa uma das cadeiras que tinha na sala, pousa seu machado sobre a mesa - empurrando pratos, talheres e copos - e olha na direção da cortina, ainda irritado. O objeto animado, do outro lado da sala, ainda mantinha sua posição em "S" e parecia mirar o Meio-Orc.
- Idiota... - Estava falando com uma cortina, de novo, mas no fundo ele se referia a si mesmo, se culpando.