TERCEIRO DIAEYVONEyvon era mais do que um mero soldado.
Sor Eyvon do Torrentine era um cavaleiro.
Aqueles patrulheiros com seus mantos dourados poderiam rir de um cavaleiro dornês, mas conseguir agredi-lo impunemente era muito diferente.
Eyvon viu quando o guarda, mesmo armado com várias armas, fez o movimento para desferir um simples soco contra o dornês. Foi simples para o cavaleiro esquivar-se num movimento pendular, retornando com o peso total de seu corpo para um cruzado certeiro no rosto do patrulheiro, deixando-o instantaneamente inconsciente.
Quando Sor Eyvon sacou sua espada, já estava cercado por mais três soldados, dessa vez empunhando suas lanças e espadas curtas.
- Desista, dornês burro, vocês está cercado!Por trás do portão, já vinham chegando mais soldados de mantos dourados. Acima dos ombros dos guardas que o cercavam, Eyvon via besteiros nas seteiras e ameias da Fortaleza Vermelha.
Mesmo que Eyvon vencesse os três que o cercavam, não poderiam ter esperanças de vencer os demais, nem de empreender com sucesso uma fuga sem ser alvejado pelos atiradores.
Eyvon foi desarmado e jogado bruscamente ao chão, com dois homens sobre ele, segurando-o. O espancamento que se seguiu não foi surpreendente e demorou menos do qque o dornês teria esperado, mas ele já estava inconsciente quando foi arrastado para as masmorras da fortaleza.
QUARTO DIAARN -Eu acho que o Sor está enganado, eu não fui desmontado, o meu cavalo foi assassinado pelo senhor. Acidente ou não nas regras da justa isso não me faz perder tenho outro animal. Mas sua trapaça não ficará impune. Me parece que está fugindo de enfrentar a verdade. Se acha que me desmontou pode fazer novamente, mas dessa vez sem mirar o meu corcel e verá quem cairá.
Sor Tyler deu de ombros quando respondeu:
- Sor Arn entende de fugas melhor do que eu, pois está fugindo há anos do julgamento que caiu sobre sua casa extinta. Se tivesse encarado a justiça junto com seus familiares traidores, estaria tão morto quanto eles. Alguém tão desonrado não deveria ter o direito de se chamar de cavaleiro!Apesar da discussão entre os dois cavaleiros prosseguir, os mantos dourados já os cercavam, afastando os dois e desarmando-os para começar a conduzi-los.
Sor Arn e Sor Tyler foram retirados da arena sob aplausos e vaias, e o barulho foi tal que era impossível saber quem era ovacionado e quem era apupado.
O cavaleiro andante, Sand, ajudou a retirar a armadura de Arn, prometendo guardar seu equipamento até o retorno dele. Após ficar apenas com o camisão de couro, os mantos dourados conduziram Sor Arn pelas ruas da cidade sem muita delicadeza. Os quatro guardas que o escoltavam pareciam descontenttes e mal-humorados por andarem tanto, mas não dirigiram a palavra a Arn, limitando-se a cumprir suas ordens.
Solares adentrou a Fortaleza Vermelha sob escolta dos mantos negros, que o entregaram aos carcereiros, e ele foi levado às masmorras do primeiro subsolo. Ele foi lançado numa cela única, com palha velha e fedida forrando o chão, e as grades se fecharam após sua passagem, deixando-lhe apenas a visão das pedras do corredor.
- Spoiler:
QUERELLONYessenya virou-se para o meistre assim que Sor Arn foi levado, dizendo em tom discreto:
- Há algo que possamos fazer, meistre Querellon? Quer dizer, sem comprometer a posição de nossa casa?Callahan considerou pensativo:
- Se ele estava sendo alvo de alguma conspiração, essa conspiração pode se virar contra nós também, por nossa ligação com ele...Houve mais algumas rodadas de duelos de justa antes que o arauto anunciasse o fim do dia de competições.
Quando estavam saindo das arquibancadas, uma moça de cabelos castanhos e vestido cor de vinho abordou-os. Meistre Querellon lembrou-se dela como a espiã que Sor Arn contratara.
- Violet Poesy:
- Lady Yessenya, Meistre Querellon. Sor Arn foi levado para as masmorras da Fortaleza Vermelha, mas não consegui descobrir por quanto tempo planejam mantê-lo lá. Sor Tyler também foi levado para lá, mas separadamente.Ela fez uma reverência com a saia e acrescentou:
- Sor Eyvon não voltou para o acampamento ontem, e já descobri porquê. Ele envolveu-se numa briga com os sentinelas do portão da Fortaleza Vermelha, agrediu um manto dourado, foi espancado e aprisionado. O magistrado do rei não parece disposto a ouvir o caso dele tão cedo...EYVONEyvon acordara numa cela minúscula de grades, e seus olhos demoraram para acostumar-se com a escuridão do local.
- Spoiler:
Seu corpo doía em mais de uma dúzia de lugares, havia uma poça de sangue seco no chão de pedras frias, e ele tinha a sensação de ter perdido alguns dentes. Não estava usando suas roupas de antes, apenas as roupas interiores que vestira.
Ele logo percebeu que havia outros prisioneiros por perto, também confinados em gaiolas quadradas de ferro resistente. Alguns pareciam ainda piores do que ele, fediam e estavam magros e sujos.
Os ratos tinham comido algo no prato de madeira que lhe fôra deixado sem deixar nenhuma migalha para ele. O balde de excrementos estava cheio pela metade de dejetos que poderiam adubar até as areias de Dorne.
Passou-se muito tempo antes que uma mulher viesse carregando um odre e um saco de pães e frutas. Ela vestia trapos de plebeias e lhe era estranhamente familiar, e sua voz despertou alguma lembrança nele quando soou ensurdecedora no silêncio da masmorra, embora ela apenas sussurrasse:
- Sor Eyvon? Como está? Eu lhe trouxe água e comida...