Meileen - Shamps

Cada um no grupo reagiu à sua maneira, as meninas detestaram a ideia e Daryl também.

- Ai Clover, só você mesmo - e ri da amiga e de Allen. Quando Kros começa a rir, a elfa quase morre de susto e faz uma cara de nojo para a proposta do  maluco bárbaro - pela Deusa Kros... o rei kobold é mais educado que você... qual parte do "quero um elfo ou humano gostosão" você não entendeu? - e sacode a cabeça dando risada.

Por fim o rei fala e expõe sua opinião também. Por sorte ele tinha a mesma opiniao deles, só que ao inverso.

- Que bom que pensa assim, vossa majestade.

O grupo se reúne para decidirem o empasse.

- Se é uma mera formalidade, eu voto no Daryl ou na Julia, os devotos fieis de Solaris... só não entendo o porque disso ser necessário para abrir uma porta se é uma mera formalidade.

Meileen não conseguia entender a necessidade daquilo tudo, e coube a Daryl responder. “Todas as raças tem suas crenças, e cada uma destas crenças podem conter elementos que para as demais são consideradas desnecessárias. Para eles é necessário, e nos colocaram diante deste problema, que é ou alguém se casa, ou não chegamos ao nosso objetivo...” diz, cansado. Ela solta um suspiro, e continua, “bem, coloquemos em votação então!”

Meileen votou por Julia ou Daryl, que não gostaram nada disto e votaram em Meileen. Clover votou em Julia, e sob o olhar ferrenho da namorada, Allen votou em Daryl, já que Julia estava também lançando um olhar mortal para ele.

Meileen 2, Julia 2, Daryl 2.

O voto de minerva cabia a Kros. Se sentindo todo importante, ele lança um olhar misterioso para as três garotas. “Meileen votou duas vezes, mas não importa, decisão é de Kros... Mas não precisam se preocupar, Kros é perfeitamente subornável! Façam suas propostas, meninas, para não receber o voto de Kros!”, diz, com um grande sorriso.

A elfa Meileen entendeu a explicação de Daryl sobre as crenças diversas por aí e a importancia do ritual para os kobolds. Ficou indignada por ter recebido dois votos de seus amigos, mas relevou tudo. O voto de minerva seria de Kros e a elfa sabia que disso não sairia nada decente. Ele fez uma proposta muito indecorosa e a elfa se irritou. Como estava com o seu arco em mãos, ela apontou uma flecha para a virilha do grandalhão e falou bem séria:

- Você sabe o quão bem um elfo consegue enxergar? Conhece a mira de um elfo? Consegue mensurar o estrago que eu posso fazer se receber um voto? Nem... ouse... seu bárbaro cretino... a menos que queira ser um bárbaro cretino eunuco... entendeu? - ela dá um sorriso maldoso e continua - e seu novo nome será Kros Sem Bolas... que tal?

O sorriso de Kros se transforma numa careta de desespero, cruzando as pernas e se virando de lado para proteger suas joias reais. Julia e Daryl por sua vez também utilizaram da estratégia da elfa, as mãos brilhando com poder divino, que indicavam tudo, menos o beneficio para o próximo. O bárbaro avaliou as propostas e disse: “Kros prefere ser chamado somente Kros. Voto de Kros vai em Allen!”

O guarda cruzou os braços e balançou a cabeça. “Muito bem, ainda temos um empate aqui... Mas vejam bem, garotas, como o rei kobold disse, será apenas algo simbólico! Qual o problema neste casamento?”

Julia não se conteve e logo desferiu um cascudo em Allen. “Muito fácil voce dizer isto, já que voce é que vai ficar de fora! E então por que voce não se casa, hein, Allen?”

O rei kobold intervem a favor de Allen. “Apesar de simbólico, o casamento kobold não permite a união de dois do mesmo sexo. Não somo assim tão avançados quanto vocês, humanos.”

Allen massageia o local onde recebeu a bordoada. “Nem nós, chefe kobold. Sugiro então tirarem a sorte, ou talvez as 3 se casam com o senhor! As regras permitem isto?”

O rei kobold fica pensativo por alguns instantes, e então acena com a cabeça. “Nós kobolds somos adeptos da poligamia. É possível, se for melhor para as senhoritas...”

Kros suspira. “Vejo que os kobolds são muito sábios. Humanos tem muito com o que aprender com kobolds.”

A elfa tem que se esforçar muito para não rir com a reação de Kros, apesar de cretino era engraçado. O voto dele foi muito infame, votar em outro homem não fazia sentido. Mas do cascudo que Julia deu em Allen ela não escondeu o riso não.

- Ela está certa seu sabichão – põe a mão na cintura – homem votando em homem não dá certo. Só você mesmo, hein, Kros... tsc tsc.

A conversa começa a tomar um rumo muito estranho, mesmo para uma elfa criada entre humanos.

- Errr... de que falam? Homem com homem e mulher com mulher? Poligamia? Mas que conversa mais estranha... – o kobold dá uma resposta que deixa a elfa irritada – mas que besteira é essa de todas casarem? Chega dessa pataquada... eu sou a chefe aqui e eu decido... o Daryl casa, pronto! – e muda de expressão, agora mais calma e compreensiva - Afinal, ele é o guardião daqui, logo essa missão é dele – disse de forma séria - casa e depois que abrir o portal você separa – e vai empurrando o sacerdote na direção do kobold – vai ser rápido e indolor! Solaris vai se orgulhar muito!

A decisão de Meileen foi aplaudida por todos, que estavam aliviados por se verem longe desta enrascada. Todos, com exceção de Daryl.

Este parecia um troll enraivecido, que apesar de suas atuais feições e características frágeis e femininas, lutava para se ver livre deste casório. Sendo segura por Allen e Kros, Daryl esbravejava e tentava se soltar a todo custo. “Seus malditos, traidores, perversas demonias e demônios dos confins do inferno! Tivessem me deixado em paz na minha tumba, ao invés de me forçarem a casar com este kobold cascudo horroroso! Que Solaris amaldiçoe vocês ate o fim da eternidade!”, vociferou a garota.

O rei kobold estava visivelmente amedrontado ao ver sua noiva, ao que Kros comentou: “Não liga não, é como dizia minha vovó, depois que casar sossega o facho...”

Julia, observando tudo isto, suspira. Ela olha com pena para Daryl. “Veja pelo lado bom, Daryl... Seu casamento poderá indicar a salvação de uma comunidade inteira de kobolds devotos a Solaris. Se pudesse trocaria de lugar com voce, mas como Meileen disse, esta é a sua missão. Onde prefere que eu realize a cerimonia?”

Daryl então para de se debater, e com um olhar mortal para as mãos de Kros e Allen ele ordena que o solte. Amedrontados pela mudança de atitude do sacerdote, os dois obedecem. Daryl se levanta, da uma batidinha em sua roupa para tirar o pó, e caminha em direção de Meileen. A elfa podia jurar que saiam adagas afiadas de seus olhos.

Daryl para e olha nos olhos de Meileen. Com voz firme, ela diz: “Esta bem, eu farei este sacrifício para o  bem do grupo. Mas lembrem-se que estarão em debito comigo! Só irei para a frente depois que ouvir da boca de vocês que sabem disto!”

Quando Daryl começa a se debater em fúria, Meileen apenas cruza os braços e o observa com uma expressão apática, sem qualquer sinal de emoção, concordando posteriormente com as palavras de Julia sobre o destino do sacerdote.

- Julia tem razão, meu caro Daryl.

Logo o homem em corpo feminino se aproxima da elfa, muito furioso, e faz um pedido para todos ali.

- Daryl, você não percebe todos os sinais de Solaris? Ela se revelou para nós, mostrando a porta que deveríamos abrir; nos colocou diante de sua tumba; nos mostrou esse povo; fez com que você se transformasse no redentor desses servos ao te colocar para beber na fonte; não vê que ela ajeitou tudo para esse momento? - ela então sorri - nós também estamos fazendo nossos sacrifícios e também temos nossas missões, estamos nisto juntos - depois desfaz o sorriso e fala sem cerimônias - então não temos que prometer nada... agora chega de frescura e casem logo!

As palavras de Meileen provocam efeito imediato em Daryl, que desfaz suas feições de raiva momentaneamente para a de surpresa, e depois para resignação. Ela põe a mão na cintura, olha para baixo e diz: “Então é assim? É um sacrifício? Engraçado, por que estou com a impressão que a minha parte é mais dura que a de vocês? Mas entendi, já vi que não faço parte do grupo...”

Sem mais nada dizer a elfa, Daryl se volta para o rei kobold e diz, com tom firme e cabeça altiva. “Vamos terminar logo com isto.”

Mesmo temeroso do que podia acontecer, o rei concordou e ordenou aos seus súditos que realizassem a cerimonia. Todos então foram levados para uma outra parte da caverna, em que havia uma parte do templo, aparentemente retirada bloco a bloco, reconstruída ali, com uma decoração de flores coloridas e panos vermelhos.



Isto provocou o espanto em Allen, que permaneceu observando a estrutura com a mão no queixo e boquiaberto. “Nossa, estes kobolds realmente acreditam em suas profecias! Há quanto tempo eles mantem tudo isto pronto?”, comentou, impressionado.

Clover logo aproveitou para ficar ao lado de Allen. “Que bonito, não é mesmo? Quando for casar, quero que seja num lugar tão bonito quanto este dai...”, diz a maga, falando arrastado.
Não demora muito e o rei kobold aparece junto com Daryl, que apareceu já com o vestido cerimonial, que alias lhe caiu muito bem, parecendo uma princesa tribal.



O que não combinava era o tremendo bico em sua cara, uma cara capaz de provocar um terremoto na caverna.

Julia, tendo em mãos seu livro sagrado, selou o casório seguindo todo o protocolo. A cleriga estava com medo de que Daryl fosse se rebelar na parte final, mas este consentiu em beijar o rei kobold, dando um leve selinho em sua testa.

Kros, que estava se divertindo assistindo a tudo, estava com uma duvida, e perguntou para Meileen,  “será que um meio-kobold nasce de um ovo? Ou já sai inteiro?”

Terminada a cerimonia, tem inicio a uma grande festa, onde vários tambores e flautas foram trazidos e começaram a ser tocados. Os kobolds eram muito divertidos, pulando para cima e para baixo e dançando ao som da musica. “Muito bem, as festividades duram 3 dias. Depois disto poderemos continuar a missão de vocês”, comenta casualmente o rei kobold.

Com as palavras de Daryl, a elfa suspira e coça os olhos com os dedos,

- Não faz drama, Daryl – disse em um tom descontente – me dói ouvir isso depois de tudo que fizemos por você.

A elfa ficou muito admirada com a preparação para o casamento, os kobold já tinham tudo preparado. Realmente esperavam por aquilo.
Ela apenas riu dos comentários de Clover e Allen, desejando boa sorte para eles.

Assistiu a cerimônia e teve a mesma preocupação de Julia, chegando até a segurar seu arco, mas não foi preciso. Eles foram até o fim do ritual. Ela até arregalou os olhos quando a moça beijou o rei.

- Impressionante!

Como de se esperar, Kros solta uma de suas pérolas e a elfa tenta segurar o riso, mas não consegue e dá uma cotovelada nele.

- Você é impossível, Kros... não ouviu que isso é só uma formalidade... não vai haver cópula... eu acho – e voltou a rir – mas eles são goblinóides, não se reproduzem com humanos... os orcs conseguem essa proeza – daí ela olha de lado para o amigo – por que você não descobre? Seduza uma koboldinha hahahahaha...

Uma festa muito animada deu-se inicio, com toda a pompa tribal que a ocasião merecia. Meileen não se importou em dançar um pouco, afinal essa vida de aventuras era muito dura e espairecer de vez em quando era bom para renovar as energias.
Divertiu-se com a animação dos pequenos.

- Três dias? Não podemos esperar esse tempo todo... temos urgência, caro rei... precisamos que abra o portal agora!

A festa estava bem animada, com os kobolds saltando e dançando bem ritmados, com alguns grupos fazendo ate passinhos coreografados. Meileen também começou a dançar, o que fez com que os colegas se animassem também e participassem dos festejos. Depois de um tempo Kros veio ao lado da elfa, todo suado. “Kros seguiu sugestão de Meileen e ate tentou seduzir koboldinha... Só que koboldinha era um koboldinho e ficou muito bravo. Este ser grande problema, Kros não saberia enfiar em qual *** “, comentou o bárbaro, que acabou sendo interrompido pelo som de um apito.

Após a animação inicial, Meileen saiu da pista de dança e perguntou ao rei kobold se havia alguma maneira de abrir o portal. Este negou a cabeça, “você pode ver como meus súditos são teimosos, difícil fazer eles mudarem de ideia... Vejam só, ate me fizeram casar com um de vocês!”

Daryl, que estava por perto com cara de poucos amigos, ouviu tudo.

Foi até uma pedra alta, subindo agilmente com o seu corpo esbelto, apesar da roupa cerimonial que atrapalhava um pouco. Ela permaneceu de olhos fechados, orando para Solaris, durante alguns minutos, e então levantou as mãos, pedindo por silencio, sendo atendida imediatamente.

“Eu, rainha Daryl Merlokrep, esposa do rei Merlokrep, agora mando aqui! Vamos acabar com esta palhaçada de festa, pois a situação é séria! Não queriam uma rainha? Então vão ter a rainha que merecem! Tratem logo de se preparar para a batalha, e abram logo a porcaria daquele portal, e todo aquele que desobedecer as ordens servirá de comida para os ratos que infestam este templo! Cambada de vagabundos!”, vocifera em voz alta para todos escutarem.

Clover faz uma cara de espanto, e olha para os kobolds, que rapidamente fazem o que foi pedido. “Parece que a Daryl fez uma magia divina de compreensão de palavras, pois parece que todos os kobolds entenderam rapidinho...”, comenta a maga com os outros.

De fato, não demora muito para os kobolds pegarem nas cordas e erguerem em conjunto a pedra, sendo fixada em um apoio localizado um pouco mais acima. Logo centenas deles estão prontos, armados e vestidos com suas melhores proteções, prontos para o combate.

Allen fica com a mão no queixo, impressionado. “Botou ordem na casa, este Daryl... Acho que não vai demorar muito para os kobolds se arrependerem desta historia de arranjarem uma rainha para eles...”

Dançando tranquilamente, Meileen se espantou a com a presença do bárbaro ali, dizendo que tentou seduzir um kobold.

- Aff..., Kros, você é burro mesmo, hein... não era para você levar a sério - disse com uma cara de espanto com o linguajar vulgar dele.

Depois viu Daryl proferir palavras de ordens e só acompanhou com um sorriso no rosto. Finalmente poderia seguir para sua missão.

- Vamos logo, bravos kobolds!

A BATALHA PELO TEMPLO SUBTERRANEO

Os heróis, depois de se prepararem devidamente, rumaram em direção da passagem subterrânea. A mesma permitia duas pessoas andarem lado a lado, ligeiramente recurvadas, e se estendia por cerca de 100 metros, fazendo curvas, subindo e descendo. Uma luz amarelenta fraca distante logo apareceu, indicando o fim da passagem.

A saída dava para uma espécie de balcão natural, acima do piso de uma enorme caverna. Havia uma grande quantidade de fungos e cogumelos, provavelmente os alimentos que eram cultivados pelos kobolds em sua “fazenda”. E por entre os cogumelos estavam varias criaturas-galhos, como a que fora levada ate o Chefe Toressar por Julia. Algumas delas portavam legumes e hortaliças, roubadas das fazendas próximas, e depositavam em uma grande panela cheia de agua.



Julia, que estava acompanhando a cena, fez um sinal de concordância. “Sim, então este é o lugar para onde os entezinhos estavam levando a comida roubada do fazendeiro... Para fazer uma grande sopa.”

Kros, que estava com a mão no queixo, concordou. “Galhinhos são bichos perigosos... Canibais! Comem seus próprios irmãos pepino e tomate!”

Clover então aponta para uma grande arvore, que estava no centro da caverna. A mesma era enorme, e dava a impressão que não havia crescido naturalmente. “Mas vejam! Parece que não vai ser uma sopa vegetariana não! Olhem, tem pessoas amarradas na arvore!”



Meileen então aguça sua visão élfica, e identifica quem eram as pessoas presas. Eram os colegas da guarda de Naporia, que haviam sido enviados pelo chefe Toressar para investigar o problema do roubo nas fazendas.
Ao lado dos presos e ao redor estavam um grande numero de goblins, que faziam algazarra e pareciam felizes pelo banquete que seria servido em breve. Mas subitamente eles ficam em silencio, pois por detrás da arvore surgiu um homem velho portando um manto verde e um belo cetro.



Daryl então se levanta, sendo rapidamente puxado para baixo pelos outros. Estava agitada, apontando em direção do cetro. “Aquele! Aquele é o cetro das eras, o cetro que usei para proteger o templo! Ele tem grande poder, não poderia estar nas mãos de um estranho! Precisamos recupera-lo!”

Não demorou muito para que o portal se abrisse e Meileen visse o que se escondia por trás do ataque às fazendas kobold. A elfa e seus amigos seguiram por um túnel baixo e logo chegaram a uma caverna onde se encontravam vários homens-galhos, semelhantes ao que foi levado para a cidade. Ele faziam uma enorme sopa para uma outra árvore monstruosa, que aparentemente iria cozinhar seus colegas soldados.

- São os soldados da primeira patrulha. Temos de agir rápido - a elfa estava muito séria agora, nem mesmo o comentário tosco de Kros tirou a seriedade do momento - temos o elemento surpresa, só temos que usa-lo, mas como? - perguntou para Julia e Clover.

Meileen pensa imediatamente no óbvio: fogo, mas ela também sabia que fogo não era uma boa ideia em uma caverna fechada, morreriam sufocados. Então o que fazer?

Um homem encapuzado apareceu, levando um cajado adornado que Daryl logo reconheceu como seu e, por pouco, não estragou a surpresa deles.

- Calma, iremos recuperar o cajado... uma coisa por vez - um ser que não fosse planta seria mais fácil - ou não - de acertar com suas poderosas flechas. Ela prepara uma ataque, mirando no homem de manto.

Meileen escreveu: - São os soldados da primeira patrulha. Temos de agir rápido - a elfa estava muito séria agora, nem mesmo o comentário tosco de Kros tirou a seriedade do momento - temos o elemento surpresa, só temos que usa-lo, mas como? - perguntou para Julia e Clover.

Clover permanece observando a área, e depois de alguns instantes ela se vira e se recosta em uma pedra. “Pelo que estou vendo, estamos numa situação semelhante com o que aconteceu no acampamento goblin. E naquela ocasião eu quase morri... É melhor termos um plano melhor do que da ultima vez...”, diz suspirando.

Julia acena com a cabeça. “Voces viram a quantidade de entezinhos andando por ai. Nós estamos em desvantagem numérica, e se o combate descambar para o corpo-a-corpo, nós vamos perder.”

A entrada do homem encapuzado traz uma nova variável no problema. A elfa saca o seu arco e mira na direção do individuo. Os outros voltam a atenção para Meileen. “O que voce esta pensando fazer?”, era a pergunta de todos.

Meileen sentia o medo de Clover, sabia do que se tratava, também tinha ficado preocupada quando ela se feriu.

- Realmente são muitos - sabia que tinha se dado muito mal da última vez - foi horrível.

Estavam todos preocupados.

- Não parece óbvio - repara o olhar inquisitivo de todos - vou tentar acertar o homem. Alguém tem ideia melhor? - ela também queria um plano, já que da última a culpa foi dela por serem atacados.

Kros, que se preparava para a batalha afiando a lamina de seu machado, concorda com Meileen. “Nós matar velho, matar goblins, matar galhinhos. Simples assim.”

Julia balança negativamente a cabeça. “Infelizmente não é tão simples assim. Vocês acham que se matarmos o velho, os goblins e os galhos-monstros vão sair correndo e fugir? Se voce der sorte, Meileen, de matar o velho com uma só flechada, quantos monstros vai conseguir matar ate eles chegarem aqui? 3? 4? E o resto, o que fazemos?”

Clover olha preocupada para Meileen. “Verdade, amiga! Desta vez estamos com um grupo maior, mas o numero de inimigos também é maior!”

Daryl permanece observando o velho que portava o Cetro das Eras. O mesmo para na frente da arvore sinistra e começa a balançar o cetro e entoar canções malignas. Um raio parte do cetro e atinge a arvore, que começa a crescer novos galhos, formando mais galhos-monstros. Daryl então se vira para os outros e diz, “o cetro das eras ainda funciona! Se eu o tiver nas mãos de novo, posso virar a batalha ao nosso favor... E quem sabe virar homem de novo! Devemos tentar pega-lo de qualquer maneira!”

- Tsc, mas que droga - ela responde mal humorada - então qual o plano de vocês? Eu sou a flecha do grupo, não o cérebro!

Ela baixa o arco a contra gosto e infla as bochechas, depois encara os outros.

Meileen olha para os outros, mas ninguém apresenta um plano, limitando a ficar calados e pensativos. É Julia quem quebra o silencio. “A situação é esta, e não vejo como podemos vencer... Podemos voltar para a cidade para buscar reforços, ou talvez seguir as ordens de Toressar... Mas o preço a se pagar é a vida dos nossos colegas capturados...”

- Levamos horas para vir... eles não tem horas - e aponta indignada na direção dos amigos amarrados - temos que agir rápido... vocês, magos e clérigos, não uma magia para comunicação? Para chamar reforços? Os guerreiros kobolds que temos não são suficientes?

Julia acena com a cabeça de maneira envergonhada. “Desculpe, não vejo outra saída... Não possuo conhecimento suficiente para avisar Toressar a distancia...”, diz a cleriga, lançando um olhar para Clover. A maga também nega com a cabeça. “Tambem não tenho... É nessa hora que me arrependo por não ter estudado mais..”, diz ela. “São muitos galhos-monstros, e além disto tem uma tribo de goblins, nem com a ajuda dos kobolds conseguiríamos vencer.”

O clima tinha se tornado tão pesado, que até Kros tinha parado de fazer piadas.

Então Daryl vai para o centro do grupo. Seu rosto, que era de uma jovem garota, tinha a expressão séria de uma pessoa com muitos anos em suas costas, um olhar frio de alguém que parecia estar analisando cada detalhe de um plano. “Ainda temos uma opção... A mesma opção que eu escolhi quando decidi beber a agua da fonte. A fonte magica pode ser a solução, mas Solaris cobra o seu preço. Quem está disposto a arriscar?”

Allen, que estava de braços cruzados, parecia não ter muita certeza de que aquilo fosse dar certo. “Mas que tipo de solução seria esta? Transformar alguém em mulher? Ou dar inteligência a um kobold? O que isto poderia nos ajudar?”

Daryl alça os ombros, como se não soubesse explicar. “É necessário ter fé. E confiar nos designios de Solaris. O que nós precisamos agora é de um milagre, e isto é o que a fonte poderá nos proporcionar...”