Fauzi - Hades

Fauzi volta a interrogar os bandidos, acordando o que estava dormindo para também explicar o que estava acontecendo.
- Como eu falei antes, cara, era o Adan que estava no comando... A gente fazia uns trabalhinhos ai e por la, era sempre o chefe que tinhas as informações. Ele disse pra gente cuidar direitinho da mina, que senão ele iria cortar as nossas bolas. Não era para maltratar, nem nada. E a menina tava toda boazinha, obedecendo tudo, acho que nem dava conta de que estava presa. Não fizemos nada com ela, nadinha! A gente ta falando a verdade!

NRPG: Sense motive. Sucesso.

O munir ouvia com atenção o discurso do rapaz, e tinha a certeza de que ele não estava mentindo. Por que então o Adan tinha feito aquelas ameaças? A situação se mostrava bastante diferente com aquelas novas informações.

O guerreiro então pergunta a versão de Bia sobre tudo aquilo. De maneira simples e tranquila, ela diz:
- Então, eu tinha feito as compras e cortado os cabelos la no centro da cidade e me preparava para voltar, quando uma amiga me disse que eu corria perigo e que era para me esconder, que logo vocês iam pegar os caras que iam me sequestrar e depois iam me encontrar. Me apresentou este cara que agora é um zumbi, e disse para acompanhar, que ele era uma pessoa legal e que fizesse tudo que me ordenasse. Então ele me levou ate esta casa abandonada e disse para eu ficar esperando por vocês no quarto. Ah, e ele me disse que era para dar as roupas velhas para ele. Só isto.

Cray Jr desvia seu olhar de Bia para Fauzi, franzindo a testa.
- E depois ela me diz que quem bateu a cabeça fui eu, ve se pode?

Fauzi ouve atentamente a versão do bandido e de Bia e coça a careca tentando descobrir o que tinha acontecido por ali.
- Bom, se ele pediu suas roupas antigas é provável que fosse ter um uso para ela, como se passar por você... Mas pra que? Por que ele cobrariam resgate para nós, qual o intuito disso tudo?

O munir olha para Bia e diz:
- Quem era essa amiga? Não sabia que você conhecia pessoas nessa cidade...

Após Bia revelar a identidade da amiga, Fauzi diria a Cray que o melhor a ser feito naquele momento seria procurar por essa amiga para esclarecer toda a situação. Quanto aos bandidos, deixava-os nas mãos do mago para que decidisse o que fazer com eles.

- Bom, se ele pediu suas roupas antigas é provável que fosse ter um uso para ela, como se passar por você... Mas pra que? Por que ele cobrariam resgate para nós, qual o intuito disso tudo?

Cray Jr estava com a mão no queixo, olhando para cima, pensativo.

- Bem, o top de Bia serviu para nos convencer de que os bandidos estavam realmente com ela... E foi bem efetivo. Agora o por que, isto não sei dizer. Pelo que a Neli disse, eles iam nos matar, pois tudo era uma armadilha. Mas pelo visto esqueceram de avisar estes dois ai, a menos que eles estejam mentindo ainda – disse, e lançou um olhar para o zumbi – Parece que a verdade morreu junto com este infeliz ai.

O munir olha para Bia e diz:
- Quem era essa amiga? Não sabia que você conhecia pessoas nessa cidade...

Bia, com esta pergunta, parecia ter ficado desconcertada. Ela passava a mão no cabelo, mordendo o lábio inferior de leve, visivelmente confusa.
- E eu não conheço... Mas... Sei que era minha amiga, apesar de nunca te-la visto antes. Estranho, como isto é possível? Estava usando um véu, não conseguia ver mais nada, além de seus olhos... E seus cabelos brancos, longos.

Cray Jr leva a mão a boca agora, e olha de esguelha para Fauzi.
- Seria quem eu estou pensando? Hmm, esta historia esta ficando complicada... Bem, melhor levar os bandidos para a prisão.

Fauzi não sabe de quem Bia estava falando e questiona Cray Jr. sobre quem ele estava pensando. Após, ele seguiria com todos para levar dos bandidos a prisão.

Quanto ao zumbi, ele revistaria as vestes dele para ver se não tinha algo de interessante que pudesse clarear toda aquela situação.

Cray Jr leva as mãos ate a cintura, incrédulo e balançando a cabeça.
- Não acredito que esteja tão ligado a Karen a ponto de não desconfiar dela? Quem mais a Bia consideraria como amiga, e que tem cabelos brancos? Se bem que amiga é forçar um pouco a barra... mas estava usando um véu! Para esconder o rosto! E a drow tinha tudo para querer descontar a briga que elas tiveram hoje de manha... Se bem que sequestrar a Bia e matar a todos nós, isto me soa excessivo... Mas vai saber como uma drow pensa?

O mago volta sua atenção para a meia-irmã, e a segura pelos braços, sacudindo-a. Parecia que ainda estava meio aérea.
- Bia, tente se lembrar! Era a Karen?

A ladina morde o lábio inferior e franze a testa, negando.
- É... Dificil... Tudo me parece um sonho, e minha cabeça dói...

Fauzi vasculha as vestes do zumbi, e encontra um par de brincos dourados com uma bela pedra azul. Em formato de aranha...



Sem muito mais o que fazer, o grupo decide levar os meliantes para a justiça. Lá a guarda agradece aos heróis, dizendo que se tratavam de dois ladrões com varias passagens pela cadeia. E eles pedem que deixem o zumbi por ali.

O munir escutas as preocupações de Cray sobre a meia-drow e fica pensativo. Não acreditava que ela faria isso somente por causa da briga que teve com Bia, contudo, talvez quisesse se vingar pela discussão que teve com ele. Afinal, lembra que as ordens dos bandidos era para que não tocassem na ladina, mostrando que havia uma certa preocupação quanto a segurança dela.
Após encontrar os brincos, ele os mantém em seus bolsos e segue até as autoridades, entregando os meliantes. Depois, segue de volta para a taverna e aguarda até o horário do encontro marcado com a moça de Rabiah ou até ver Karen. Queria conversar com ela sobre toda aquela situação...

De volta a taverna, Fauzi, Cray Jr e Bia vão para os seus quartos para descansar. Não demora muito e a ladina bate na porta do quarto, dizendo que estava com fome e queria a companhia dos rapazes para comer no salão principal da taverna.

O munir pode ver que era tudo uma desculpa da garota, pois ela mal tocou em seu prato. Estava mais interessada em conversar, perguntando sobre o passado de Fauzi, seus gostos e preferencias, como tinha sido seu dia, e como foi o dela. Parecia que nem tinha sido sequestrada de manha.

Cray Jr responde as perguntas de sua irmã de criação com palavras simples, pensativo.

Depois de algum tempo, passa pela porta da taverna Aalyah Al-Kader, aparentando cansaço em seu rosto. Ela lança um olhar rápido para o munir e, sem dizer nada, sobe para seu quarto.

Voltando seu olhar para Bia, Fauzi percebeu que suas feições alegres tinham mudado para uma cara zangada.
- Tem mesmo que ir? – pergunta a ladina.

O munir estranha aquele comportamento da ladina em perguntar-lhe coisas pessoais, principalmente sobre o seu passado. Afinal, não falava e não gostava de falar sobre isso com ninguém e Bia sabia disso. Ele responde evasivamente a jovem e quando Aalyah chega ele se levanta da mesa e finaliza o caneco de cerveja.
Fauzi coloca sua mão sobre as da ladina e diz para ela:
- Você sabe que sim, temos uma missão a cumprir afinal... Ou quer desistir?

Após falar isso ele segue até o quarto de Aalyah e bate a porta.

Bia sente um calafrio percorrer seu corpo quando Fauzi põe a mão sobre a sua, porém suas palavras são um balde de agua fria em seus sentimentos. Como os homens podem ser tão densos? Ou talvez o que ele sentia por ela fosse apenas alguma coisa do tipo fraternal. Alias, muitas vezes tinha sido tratado como uma irmãzinha, tal qual Cray Jr fazia constantemente. E isto a irritava!
- Então vai logo! – disse, virando-se para o lado e fazendo cara emburrada.

O munir então se dirige até as escadas, e vai direto para o quarto de Aalyah. Depois de bater ele aguarda por alguns instantes, ouvindo certa movimentação no quarto através da porta. Nada que o alertasse, a Rabiahna encontrava-se sozinha. Ou pelo menos era isto que os sons indicavam.
Logo a morena abre a porta, e apesar de cansada ela da um sorriso de ponta de lábios. Com o ombro apoiado na entrada, ela diz:
- Ah sim, minha ultima reunião da noite. Pode entrar...

O quarto de Aalyah não tinha diferenças do quarto onde o munir estava hospedado, exceto que tinha apenas uma cama. Sobre a mesa estavam alguns tomos e papeis com anotações, os quais a rabiahna se apressa em arrumar. Ela indica uma cadeira, e senta-se do lado oposto a Fauzi.

A morena fecha os olhos, da um suspiro, e começa, em tom objetivo.
- O meu dia foi muito cansativo, e queria ir direto ao ponto: eu preciso de aliados para lutar contra os tiranos de Rabiah. A vila de Qasin precisa ser vingada!

Ao dizer esta palavra ela se levanta e puxa sua adaga, apontando-a em direção de Fauzi e olhando diretamente em seus olhos. Ela diz, friamente:
- Você é um munir, não é? Eu também sou! Se sua lealdade esta com a tirana, que resolvamos aqui e agora o nosso impasse! Agora se voce esta com os rebeldes, junte-se a nossa causa!

Fauzi fita fixamente os olhos da morena e encosta o peito dele contra a adaga dela.
- Como eu posso acreditar que você é uma rebelde? Você está muito longe de Rabiah para estar lutando para derrubar o governo tirano... Se há rebeldes, por que não está com eles em Rabiah?

O munir continua fitando os olhos da morena esperando por uma resposta aos seus questionamentos.

O gesto de Fauzi toma Aalyah totalmente de surpresa, que permanece estática com a adaga contra o peito do munir. Ela lança um rápido olhar para a ponta de sua arma, que havia perfurado a camisa e cortado a pele superficialmente, fazendo com que uma pequena mancha vermelha surgisse no local.

Ela ouve as perguntas do exilado e fica confusa. Por que teria agido daquela maneira? Com certeza não era aliado da tirana, um traidor não iria se arriscar tanto assim... Então Fauzi deveria confiar nela, pois mata-lo agora seria extremamente fácil, empurrando a ponta da adaga por entre as costelas e diretamente no coração.

Sem dizer nada ela afasta a adaga, ainda mirando nos olhos do outro, querendo ler suas intenções. Bem, se confiava nela, então tudo tinha sido uma demonstração de força, de que não tinha medo dela, e que estava irritado em ser desafiado daquela maneira. Sim, era isto. Era algo admirável.

Aalyah então olha novamente para a silhueta máscula do munir. Era belo, mas agora estava irresistível. Calma, Aalyah, a missão vem em primeiro lugar, pensou.

A morena abaixa os olhos e recua.
- Sim, tem razão, eu mesma não dei mostras de que sou confiável. É que por estas terras não tenho tido muitos aliados, pelo contrario, por isto a desconfiança – diz em tom firme. Deveria me desculpar?, pensou brevemente. Bah, não, isto é fraqueza, concluiu.

Aalyah volta a se sentar.
- Voce conhece o poder do rei e da rainha, rebeldes por si só não conseguirao derrubar os tiranos, precisamos de ajuda. Não tive muito sucesso em conseguir aliados em Kardunia, mas esse não é o único motivo de eu estar aqui... Eu contarei o motivo, e saiba que isto é algo que não deveria contar para outra pessoa. Considere como uma prova de minha confiança em voce.

Fauzi respira fundo aliviado pela mulher não ter forçado a arma contra o peito dele. Poderia ter morrido com tal atitude, mas as vezes ele age antes de pensar. Mais calmo, ele se senta a cama e fita a mulher, esperando que ela conte sobre o real motivo para estar ali. Ele sente-se mal, pois foi contratado justamente para saber aquilo, contudo, poderia avaliar se tal informação poderia ser repassada ou não para a soberana da cidade.

Aalyah, ao ver Fauzi sentar-se na cama e aguardar, rapidamente nota seu consentimento silencioso. Tinha receio pelo que estava prestes a contar, mas a prova de confiança dada pelo munir tinha sido suficiente.

Ela respira fundo e então começa a falar.
- Depois de um ataque do Maharajah em uma tribo vizinha a minha, fui chamada para fazer o reconhecimento do local. Tinha sido um massacre, o povo da vila resolveu declarar oficialmente sua revolta, e por isto não sobrou um único aldeão, criança, velho ou mulher. O cenário era horrível, e foi nesse local de grande sofrimento que detectei um vestígio psíquico, que era como se fosse uma memoria de grande sofrimento que tinha permanecido no local.

Aalyah ao chegar nesta parte parece tomada pela excitação, gesticulando muito.
- Foi muito breve, e doloroso para mim entrar em contato com essa lembrança, mas percebi também um grande potencial! Notei que aquilo tinha uma força psíquica muito grande, que nós munires podemos utilizar! Tal qual um pergaminho que os magos usam para realizar mais magias, um item magico!

A rabiahna pega algo de seu bolso e o mostra para Fauzi. Era um cristal azul brilhante.
- Acho que posso armazenar energia psíquica neste cristal. Infelizmente não pude testar no local da tribo assassinada, só havia um único vestígio por ali. Mas em Kardunia, esta cidade esconde um grande segredo... Que é estar por sobre uma cidade inteira vitima de uma catástrofe! E deve haver muitos vestígios, os quais eu posso testar minhas suposições!

Aalyah pega na mão do munir. Ela tinha uma expressão de confiança em seu rosto.
- Só preciso chegar nesta cidade morta! E por isto peço a sua ajuda!

As palavras da mulher remetem o munir ao passado e enquanto ela fala ele tem flashback das memórias daquela época. Da morte de seus pais. Ele aperta os punhos involuntariamente enquanto recorda-se do que houve.

Quando mostra o cristal, ele o pega em sua mão e olha contra a luz.
- É um cristal psíquico... Eles são pedras de grande poder que tem um vínculo psíquico com o seu proprietário. Normalmente tem personalidades próprias, mas acredito que uma vez o seu "dono" morto essas propriedade se vão...

Em seguida ela conta sobre os segredos de Kardunia e ele fecha o rosto.
- A governante sabe sobre o que você está buscando... Eles estão de olho em você... De alguma forma, você chamou a atenção dela... É preciso ter cuidado, mas vou te ajudar...