Chin não entende o por que de Lux não querer seu corpo, algo tão desejado pelo seu antecessor Saito-sama. Ela chega até a pensar que talvez o aasimar não gostasse de mulheres, porém a rigidez do membro do chefe mostra que este não era o caso. Lux-sama se importava demais com o que sua companheira pensaria sobre um eventual sexo escondido entre os dois, e a secretaria sentiu uma leve pontada de ciúmes com isso. Porém as bolinações por parte do bardo a deixaram um pouco menos invejosa de Sora.
As batidas na porta fazem com que Lux tenha a certeza que tenha tomado a decisão correta, já que não teriam tido tempo de se arrumarem caso estivessem no meio de uma transa. Era Ishikawa e sua filha, Bashuk.
Ishikawa-san estava consciente da troca de papeis, e fez uma reverencia respeitosa para Lux. Bashuk, por sua vez, parecia já mais calma, ou pelo menos já tinha se acostumado a ficar do lado de seu pai. A meia-orc não consegue disfarçar um sorriso e um brilho nos olhos, mas sabendo sua parte, força uma expressão mais fechada no rosto.
- Ishikawa-san* que honra em receber vossa visita antes mesmo que eu pudesse lhe convocar. Bashuk-chan, é como sempre um prazer encontrá-la. Espero que possamos conversar num momento mais propício.
Ishikawa-san sorriu levemente e acenou com a cabeça. Seu tom de voz era mais suave do que da ultima vez que tinham se encontrado.
- Lux-dono, peço perdão por ter vindo assim, sem ter sido requisitado... De fato temos questões importantes a discutir, mas convenci Bashuk-tchan a pedir desculpas pelo ocorrido ontem.
Lux podia ver que para Bashuk era muito difícil pedir desculpas, mesmo ambos sabendo que tudo não se passava de encenação. A contra-gosto ela se põe de joelhos, mas ainda assim seu porte físico transparecia de forma impressionante, parecendo a cena de uma rendição de algum líder bárbaro.
- Lux-dono, desculpas por ter reagido daquela maneira – diz, e se vira para Ishikawa – e então titi, esta bem?
Ishikawa-san revira os olhos. Sabia que era o máximo que iria conseguir de sua filha.
Neste momento chega Akihito, o senescal, acompanhado de Sora, que estava um pouco mais atrás.
- Você verá que... - dizia Akihito, que corta abruptamente o que falava quando vê que Lux estava a porta com Ishikawa e Bashuk.
- Sora-chan! Que ótimo que você chegou! Eu ia pedir a um mensageiro que fosse buscá-la para que pudéssemos passar a tarde num passeio pela cidade com a minha secretária a senhorita Fugiwara. Eu gosto muito do Castelo mas acho que devemos ter nossa própria casa e ela conhece alguns lugares para nos levar para conhecer.
Sora lança um breve olhar para Bashuk que acabara de se levantar e faz um leve aceno de cabeça, sendo correspondida da mesma maneira pela meia-orc. A kitsune então volta seu olhar para a senhorita Fujiwara e cerra os olhos, farejando perigo. A secretaria por sua vez volta seu olhar para baixo, segurando seu kimono em atitude servil.
- Lux-dono. Se é o que deseja, terei o prazer de acompanha-lo – diz Sora, em tom obediente – Tenho certeza que encontraremos uma casa que sera digna de meu senhor.
Após este dialogo inicial, todos se acomodam no gabinete do Conselheiro do Tesouro.
- Então a que devo a visita não marcada? Se bem que... Bashuk-chan pode vir sempre que quiser a meu escritório sem aviso prévio. Afinal temos muita história juntos e jamais irei esquecer de você...
Bashuk sorri, mas logo volta seu olhar para seu pai e fecha a cara.
- Lux-dono, agradeço, mas não irei incomoda-lo mais.
Ele aponta para as almofadas que tinha no chão para que todos se acomodassem.
- Infelizmente nossa reunião deverá ser breve, pois tenho assuntos a resolver com urgência e os mesmos não podem esperar nem mais um segundo que o necessário para que minha guarda pessoal esteja reunida aqui.
Ishikawa-san lança um olhar para Fujiwara Chin, e a mesma engole em seco. Ele se volta para Lux e diz, objetivamente.
- Lux-dono, vim logo cedo, pois quero que saiba diretamente da minha boca, que estive presente em reuniões com o ex-conselheiro, na qual eram discutidos negócios escusos. Estou disposto a colaborar com o que for necessário... Mas gostaria que levasse em consideração minha presteza em ajudar, de modo que a minha penalidade possa ser diminuída, e se possível, eliminada. Faço isso em nome de Bashuk, que finalmente ficou ao meu lado, e para que possa protege-la. Peço que o que quer que tenha acontecido de ruim entre vocês dois possa ser apagado, e que esqueça os rumores de que Bashuk tenha falado que gostaria de mata-lo...