(Dong, Hyemin, Hyun-Hee, MiSoo, Sun-Hee, Won-Bin)
A aula de inglês não tinha sido das melhores até porque havia toda uma estranheza na atmosfera da sala. Para os alunos que ficaram no refeitório ou em qualquer outro lugar no interior do prédio, era um pouco curioso e até mesmo confuso entender porque tinha tanta gente fora de sala. Alguma coisa certamente tinha acontecido, mas a história não tinha ganhado forças o suficiente para se espalhar do mesmo modo que o vídeo.
A entrada de MiSoo e Won-Bin foi recebida com bastante surpresa. Alguns cochichos baixos vindo, principalmente do fundão. Mi-Ran tinha se esticado para a frente, cochichando algo no ouvido de Eun-Na que apenas concordou. Beom-Su, o afetado menino que usava estilistas famosos em suas frases, observou MiSoo com bastante atenção.
Gostava da menina, apesar de não ter um clube fixo. Na verdade, Beom-Su era tipo uma “abelha das fofocas”. Ficava aqui e ali, colhendo coisas e realizando a polinização. Seu trabalho era muito belo e bem feito, mas ele não era exatamente um “mau elemento”. Só estava tentando sobreviver àquela selva em forma de colégio da melhor forma possível. Até porque seu jeito, sua falta de força física e intelecto limitado o faziam um alvo fácil. Mas, pelo menos ele era divertido e conseguia atrair atenções de modo positivo.
De todo modo, o garoto ficou olhando fixamente para MiSoo.
Por que a florzinha estava sozinha? Onde estavam as amigas? Fez um beicinho, de dúvida, mas logo deu de ombros e continuou prestando atenção na aula de inglês.
Stella também achou estranho, mas como ela não gostava de se meter nas fofocas, ficava escrevendo na apostila de inglês. Não havia dificuldade nenhuma nessa matéria para ela, pois Stella foi criada com essa lingua - e francês também. Afinal, ela viveu no Canadá até os 12 anos antes de ir em definitivo para a Coréia do Sul. Diferente do que podia ser imaginado, contudo, ela não gostava das aulas de inglês.
Porque gerava um sentimento de saudade que era um pouco difícil de lidar. Sentia falta do Canadá e da vida que tinha por lá, principalmente dos amigos. A Coreia do Sul tinha sido um choque para ela e embora tivesse conhecido pessoas novas e feito poucas, mas verdadeiras amizades - como Dong, apesar de tudo - ela frequentemente pensava em sua casa. Sem perceber, ela começou a escrever os nomes de algumas pessoas no canto da folha, mas não em hangul, de modo que seria difícil para os outros entenderem, caso um dia acabassem lendo.
Outra pessoa que não estava se importando com a aula, mas fingia que sim era Yerin. A Rainha de Gelo tinha um extremo controle de suas feições. Era sempre tão indiferente que frequentemente havia a dúvida se havia algum sentimento dentro dela. Felizmente, seus olhos ônix ajudavam a disfarçar o turbilhão de pensamentos que a acompanhavam.
Não gostava daquela dúvida.
Era como se estivesse perdendo o controle da situação e esse era a pior sensação para pessoas como ela.
[...]
A aula chegou ao fim e logo as preocupações de Won-Bin diminuíram. Kang entrou na sala um pouco sem fôlego e sem graça. Tinha cumprido a promessa e comprado um café, mas…
- Eu me perdi, Won-Bin. Parei até no quarto andar. Esse lugar é enorme… - Suspirou.
- Acabei tomando o café, depois de pago, tá? Po, fiquei nervoso, estava me sentindo sufocado, sem energias. Aí encostei na parede, me perguntando onde diabos a enfermaria ficava e tomei tudo. Desculpe por ter falhado na missão, meu amigo.Agarrou o braço dele, mas então percebeu que Won-Bin estava sem blazer e acabou tocando no antebraço dele, por cima daquela blusa. Kang ficou paralisado, em puro choque ao sentir...bom, ao sentir aquele bloco de concreto. Quase quebrou a mão quando tentou apertar de modo dramático. Ficou de queixo caído e afastou a mão.
- Que isso, cara? Isso é um braço mecânico? - Afastou a mão, massageando os dedos.
- Isso faz um estrago na cara de alguém. Por favor, não me bata nunca. Não quero morrer...É sério. Já me sinto ameaçado o suficiente! Gente…Até ficou quieto, depois dessa, principalmente porque um trio entrou com o diretor. Kang indicou a chegada da menina, mas Bo-Mi não estava com aquele sorriso de sempre. Na verdade, estava até um pouco encolhida e com a cabeça baixa, como se estivesse em dúvida se tinha feito a coisa certa.
O irmão vinha logo atrás dela, seguido de Jung Mi. Gyu-Sik deixava a mão no ombro de Bo-Mi, mas logo a deixou seguir para seu lugar. A garota sentou-se em silêncio ao lado de MiSoo, com os ombros caídos. Gyu-Sik foi para seu lugar, ao lado de Yewon e Jung Mi faria o mesmo. A expressão do rapaz, no entanto, trazia um cansaço atípico, como se tivesse muita coisa para se envolver e problemas futuros para enfrentar porque já estava escolhendo o seu lado. Não olhou para ninguém em particular - nem Sunny, muito menos Hyun-Hee - e apenas pediu licença para ficar no canto.
Bo-Mi sentou-se ao lado da amiga e a encarou diante da exclamação.
- Desculpa por tê-la deixado sozinha. - Disse um pouco triste.
- O inspetor me convocou para a sala do diretor e nem pude acompanhá-los até a enfermaria. Comentou baixinho, mas não deu para responder - a não ser que fosse com sinais - porque o diretor logo tomou a palavra.
Apesar do imponente homem ter chegado com as pessoas envolvidas na situação do intervalo, ele estava ali para trazer novamente o assunto referente à ovada do dia anterior. Yerin já tinha sentido suas batidas pararem quando ele entrou ali, mas agora suas suspeitas se confirmavam.
Os braços estavam sobre a mesa com os dedos entrelaçados e ali ficaram durante todo o discurso. Não houve nenhuma torção ou necessidade de contenção física por parte dela. Yerin recebia aquela bomba, mas simplesmente não dizia nada - para a decepção, surpresa ou preocupação dos demais. Os alunos antigos conheciam suficiente Yerin para saberem que ela jamais saía por baixo.
Quando havia uma derrota, ela a aceitava e aprontava algo muito pior depois.
Tinha sido assim na primeira semana de aula dela, quando entrou na 5ª série - e os antigos se lembrariam dessa história. Nunca houve provas de sua autoria, mas para demonstrar dominância sobre as meninas mais velhas que tentaram tirar vantagem dela e Hyemin - na época, a principal lider do colégio era Hyuna, a herdeira de uma emissora que foi à falência esse ano e resultou em sua retirada do WangJo por não ter como pagar, nem ter feito a prova dos bolsistas. Uma perda perfeitamente reparável para a instituição. Yerin colocou laxante na panela da comida daquele dia e proibiu Hyemin de chegar perto. 80% dos alunos passaram mal naquele dia, inclusive Hyuna e foi uma das poucas vezes que Yerin deu um sorriso de satisfação.
Contra-ataques eram sempre melhores. Tudo bem que ela tinha dado o primeiro golpe, feito o “first blood” e agora recebia a consequência. Mas isso não seria o suficiente para aplacar nada. Até porque seu ódio estava triplicando agora.
Quem foi a imbecil mesmo que tinha filmado aquilo?
Como foi que o vídeo chegou ao diretor?
…
Enquanto pensava nisso, Sun-Hee passava, lançando aquele olhar para ela. Yerin piscou lentamente, sem mudar sua expressão e a acompanhou com o olhar.
Podia ouvir as palavras dela “não tenho medo de você”. Yerin virou a cabeça, vendo bem onde Sunny estava sentada. Perto daquele orelhudo que Hyemin tentava desprezar e dos outros nerds. Não podia tocar em Dong, mas Ui-Jin, Min-Ho...Stella? Eles não eram imunes. Muito menos aquela outra menina que estava com essa atrevida.
Como era o nome mesmo?
Não importa. Estava chorando, aquela fraca e era em quem Sun-Hee estava se amparando. Não tinha medo, né? Yerin era do pensamento que precisava doer para que as pessoas aprendessem, mas às vezes, a dor não estava na própria carne. Kim Sun-Hee podia não ter medo de sofrer, mas será que continuaria com a cabeça erguida e aquele olhar insuportável diante do sofrimento dos amigos?
Yerin tombou um pouco a cabeça e olhou para o diretor quando ouviu os valores. Os uniformes seriam acrescentados à mensalidade dela. Logo, seu responsável estaria ciente do que aconteceu e do prejuízo. Isso fez Yerin erguer mais a cabeça e, de repente os sons morreram quando começou a projetar o que estava por vir. A ausência de expressão finalmente revelou alguma coisa, pois seus lábios se mexeram para baixo enquanto ela trincava o maxilar.
Cerrou os olhos e a risada debochada daquele zé droguinha só piorou as coisas. Yerin não ouvia nada, nem ninguém, apenas a rouca gargalhada ao fundo enquanto sua mente começava a criar todo um alvo com fotos de quem tinha que ensinar algumas coisas.
Começando por aquela imbecil do 2º ano que tinha filmado.
Depois ficaria ainda mais atenta. Tinham enviado o vídeo ao diretor por questão de justiça ou porque queriam prejudicá-la? Dava para começar a separar as pessoas entre os justiceiros e os vingativos.
A paranóia começaria a crescer em sua mente, mas antes duvidar de todos do que deixar a guarda baixa de novo. Porque ser pega, não estava em seus planos.
Seria muito mais cautelosa das próximas vezes.
Porque sim, ela não ia parar agora.
[...]
Quando a aula de física finalmente começou, os alunos podiam quase sentir saudades do Professor Chung e sua Matriz. Não era como se o Professor Pang fosse “malvado”, ele só não era um professor muito claro ou objetivo. O homem falava um pouco baixo, de modo retraído e seguia um caminho pouco didático.
Era, de fato, um crânio. Alguém com um conhecimento vasto - sobre os mais variados assuntos - mas não parecia ser o tipo de pessoa que conseguia passar a matéria. Aqueles que tinham deficit de atenção ou simplesmente não gostavam de exatas, estavam prestes a encontrar problemas. Os alunos mais espertos e sagazes podiam conseguir se dar bem - muito bem - mas estudando sozinhos. Porque era mais provável que entendessem lendo os livros ou fazendo experimentos em casa.
Ui-Jin e Min-Ho conseguiam entender bem, mas não sabiam como HaN tinha gostado do cara. Talvez porque HaN fosse mesmo muito bom em física. Mas, de modo geral, era uma aula maçante. Despertava pouco ou nenhum interesse.
E, com isso, as horas se arrastavam.
Porém, não existe nenhum sofrimento que seja eterno.
E o sinal finalmente tocou, liberando os alunos para o almoço ou para irem embora. Muitos iam embora porque os clubes só começariam na semana que vem, então, podiam fazer outras coisas.
A comida do colégio era boa, mas não o suficiente para que os prendesse ali para sempre.
12:05 P.M.
Os grupos começavam a se afastar. Yerin levantou-se e simplesmente disse para Hyemin.
- Estou indo para a quadra.Não ia almoçar, mas não impediria a menina de ir, se quisesse. Acontece que Yerin realmente queria colocar aquela fúria para fora, mesmo que fosse esfregando os fundos da quadra. Ela definitivamente não era o tipo de menina que fazia chilique ou chorava ou batia o pé. Uma ordem tinha sido dada e ela iria cumprir.
Mas ai de quem fosse lá perturbá-la.
Pois Yerin estaria armada e não teria um pingo de arrependimento de usar. Antes de ir, contudo, ela passaria nos armários para guardar suas coisas. Não ia correr o risco de sujar sua mochila ou qualquer coisa do tipo. Já bastava o uniforme e...seu sapato. A raiva dela tinha acabado de aumentar.
Min-Ho fechou o caderno e olhou para Dong. Yerin tinha acabado de sair da sala, feito um furacão, mas a maioria das pessoas não estava com pressa. Aproveitando que Ui-Jin ainda estava guardando as coisas, ele comentou.
- O que você queria falar comigo ontem era essa história do bullying? - Sondou. Esteve curioso o dia inteiro, mas Dong nem tinha tocado nesse assunto.
Aliás, o grupo agora se sentia ainda mais próximo depois de saber que a mãe de Dong era chefe de Lee Hi e Sun-Hee. Parecia até que iriam se conhecer de qualquer jeito. HaN até queria saber quando Dong ia levá-los ao Café para poderem conversar por lá. Não era o programa favorito deles, mas se tivesse a bebida, Dong se animava. Ui-Jin levantou-se, se aproximando da mesa dele.
- Nós vamos sair hoje de novo? HaN queria comprar a calça e enquanto algumas pessoas saíam, HaN já estava ali na porta da sala, esperando por eles.
Sunny receberia uma mensagem de Lee Hi avisando que estava no banheiro do andar. Perguntou se a menina queria almoçar por ali ou se queria ir direto comprar o uniforme antes do trabalho. Kim estava um pouco tenso. Ainda sentia o peso em seus ombros ainda que não tivesse feito nada de errado.
Ouviu as provocações de Hyemin e não quis responder, mas sabia que as coisas poderiam piorar depois. Deu um suspiro e comentou.
- Hoje realmente vou almoçar com minha mãe. Ela quer saber o que o diretor fez, sabe? Ontem ela soube, mas não fez nada por eu mostrei o e-mail do diretor…Stella tinha se aproximar um pouco nesse momento. Ajeitou a alça da mochila e ficou à disposição, mas também deu uma olhadinha na direção de Dong - por pouco tempo, mas o suficiente para ele encará-la, se sentisse os olhos cancerianos fuzilando a nuca dele - antes de se focar somente em Sunny.
Bo-Mi ainda guardava suas coisas com bastante lerdeza, como se estivesse cansada. Kang tinha cutucado Won-Bin para ver se ele ia falar com as meninas de novo e saber o que aconteceu. De onde estavam, podiam ver a expressão preocupada de Bo-Mi, até que ela finalmente falou o que a incomodava.
- Eu falei a verdade para o diretor, na frente do Taemin. - Revelou.
- Era o certo a se fazer e meu oppa estava do meu lado, bem como Jung-Mi-oppa, mas… - Mordeu o lábio internamente, fazendo beicinho.
- E se ele revidar agora? Se ele foi capaz de fazer isso com a Eun-Bi, que ele gosta, o que ele não pode fazer comigo ou com o Gyu? Ou com você, MiSoo-ya? Franziu as sobrancelhas e abaixou os ombros.
- O diretor mandou alguém ir lá ouvir a versão do Jae-Ki e da Eun-Bi. Sabe o que a senhorita Yang disse? - Arqueou uma das sobrancelhas.
- Que Eun-Bi-yah disse que não foi empurrada, que ela caiu, mas confirmou que o Jae-Ki foi empurrado. MiSoo-yah, por que ela fez isso? Quer dizer, todo mundo se colocou na mira e ela foi lá mentir? Meneou negativamente, com os olhos marejando.
- Eu fiz papel de boba então, né? Eu tô muito chateada com ela. Bo-Mi, Jung e Gyu ouviram a história da secretária, porque, apesar do diretor ter dispensado, quando ele viu o horário, achou melhor ficarem e irem juntos depois. Por isso todos chegaram ao mesmo tempo.
- Espero que ela tenha uma boa justificativa. - Finalizou com o rosto vermelho quase chorando.
Gyu-Sik e Jung conversavam baixo sobre a mesma matéria, mas não perto de Won-Bin. Tinham saído da sala, esperando por Ryu para conversarem. Jung Mi estava um pouco preocupado por conta do que ouviu, mas prometia que nada iria acontecer porque Taemin não era tão louco assim. Pelo modo como Gyu-Sik o encarou, ninguém acreditava que ele não fosse louco o suficiente.
Já Hyun-Hee podia sentir certa paz de espírito agora. Os olhares tinham saído de cima dele e as pessoas começavam a aprontar bastante. Enquanto saía da sala, contudo, ele pôde ver uma cena curiosa no corredor do banheiro, próximo às escadas.
- Me dê isso aqui! - A voz de Eun-Joo chamou a atenção e o som de algo sendo puxado e caindo chamou a atenção.
- Yaaah!! Você é doida!? - Chae virou-se para a garota.
- Me larga!- Isso aqui é meu, sua ladra! - Eun-Joo deu um puxão no broche de joaninha da mochila de de Chae, por muito pouco não rasgando o tecido.
Chae ficou com a boca aberta. Chae foi impedida de entrar no banheiro com Lee Hi porque Eun-Joo a puxou bem na hora. Lee Hi voltou e tentou interceder, mas as amigas de Eun-Joo não deixaram.
- Sua garotinha mimada, inconsequente! Devolve isso, AGORA! - Agarrou o pulso de Eun-Joo e foi forçando a mão dela.
- Não, sua maluca! Você roubou o meu broche!!- Não roubei nada!! Eu ganhei, ME DÁ!- Não!!Aaah!!O QUE É ISSO, SUA SELVAGEM!??!As duas ficaram se sacudindo, mas Chae cansou e mordeu o pulso de Eun-Joo. Não lá com muita força, porque foi algo impensado, mas foi o suficiente para o broche cair no chão, quicando algumas vezes e rolando na direção da varanda.
Chae ficou com os olhos arregalados, vendo sua pecinha quase caindo no vão e se perdendo de novo. Ficou sem reação enquanto a outra se encolhia com a mordida e já estava pronta para agarrá-la pelo cabelo.