O toque de Chaeyoung o fez desacelerar um pouco. Lançou um breve olhar de soslaio, mas embalado pelo ódio do momento. Estava confuso. Por que Chae estava defendendo a garota que tinha acabado de agredi-la? Lançou um olhar de morte para ela também, mas ela pôde ver que uma linha de seu rosto relaxou e sua mão também, permitindo que a outra se mexesse.
Hyun Hee a olhou sedento pelo desafio. Um sorriso se formou trêmulo e largo. O golpe no ombro terminou de apertar um botão. O rapaz riu alto e gritou para as costas dela.
- Estou esperando por isso, jagiya! (“honey”/ babe)!! - a última palavra foi praticamente cuspida em raiva e ironia, fazendo virar o corpo agora para uma Chae confusa.
Novamente, a platéia do circo estava toda em volta olhando. Como isso o irritava! Era quase como se conseguisse ouvir as vozes mentais de cada um. Queria bater em todos eles. Cerrou o punho e focou em quem estava bem a sua frente.
Não estava com paciência para perguntar por que ela tinha defendido Eunjoo, nem queria pensar nisso. Tinha muita gente em volta. Era difícil lidar. Então ele apenas recuperou a mochila, passou por ela e colocou uma mão em seu ombro e falou em tom bem sério.
- É bom cuidar melhor do seu broche. - A mente começava a esfriar um pouco e ele lembrou do momento em que a menina mordeu a outro. - Se bem que acho que fez um bom trabalho. Não sabia que joaninhas mordiam para se defender… - virou o rosto para olhá-la. Tinha um sorriso debochado, estava rindo dela, mas de uma forma provocativa. Então ficou em silêncio e seus olhos a fitaram profundamente, demonstrando que tinha pensamentos maliciosos sobre aquele seu comentário, mas que não precisava nem expor. Chaeyoung poderia ser criativa da forma como quisesse para interpretar aquele olhar, porque ele simplesmente não disse nada. De repente apenas sorriu com o canto da boca e removeu a mão de seu posto.
- Eunjoo é louca. Tome cuidado. - disse de forma descontraída, já de costas para ela e continuando seu caminho. - A propósito, acho que ganhei mais um favor seu - olhou para trás e sorriu.
Hyun Hee passou pelo refeitório, mas simplesmente não queria ficar mais ouvindo cochichos e ter aquela terrível impressão de que os rostos sempre viravam para ele. Não. Chega por hoje. Mandou mensagem para seu serviçal e pediu que ele simplesmente saísse com o carro. Não tinha um endereço certo, mas de repente pediu que ele parasse na esquina do primeiro bairro que chamasse atenção dele: procurava por lugar sem nenhum requinte, uma concentração de restaurantezinhos escondidos, uma jóia rara esquecida que ele estava a fim de descobrir.
- Pode me deixar aqui. Eu me viro.
Não tinha um restaurante específico que gostaria de ir, mas queria passear pela rua para encontrar algo com aquele perfil. Inconscientemente sentia saudade de comida mais artesanal, mais… familiar. Além disso, fugia do estereótipo Gangnam. Já chega de ricaços pelo dia.