Apesar daquela reunião parecer uma coisa normal, a maioria das pessoas envolvidas parecia não acreditar no que estava acontecendo. HaN podia ter aquele jeito cara-de-pau e engraçado, mas nunca antes tinha feito sucesso com meninas - bem longe disso. As meninas de sua sala se cansavam das brincadeiras dele ou simplesmente reviravam os olhos e o deixavam falando sozinho, de modo que os únicos que o aguentavam eram seu grupinho do 1º ano.
Stella também tinha um dia atípico. Raramente falava tanto ou passava tanto tempo com as pessoas do colégio. Como Dong tinha seu próprio grupo, ela evitava incomodá-lo - até porque conhecia o modo arrogante de Min-Ho e preferia ficar afastada. Porém, naquele dia, tudo parecia diferente. Até Dong começava a sugerir saídas extras, tentando abraçar todo mundo.
Assim como os meninos, ela ainda se lembrava do comentário dele em sua casa. Era curioso que ele estivesse mudando de postura - o que não queria dizer que era ruim. Sua expressão de desconfiança, pouco a pouco foi mudando para a admiração que costumava ter pelo menino.
Ui-Jin se sentia um pouco desconfortável ao sair de sua bolha/zona de conforto, mas Sunny, Lee-Hi e até mesmo Stella eram companhias agradáveis. Verdade que ele ainda não conseguia falar como alguém normal, mas gostava da presença delas. Já Min-Ho mantinha aquela cara fechada, meio emburrada - de quem comeu azedo e não gostou - mas conversava mais do que Ui-Jin.
O tópico sobre filmes foi abordado. Stella meio que deu de ombros, como se não tivesse um estilo favorito, mas logo abriu a boca e disse.
- Ah, só não gosto de terror ou suspense com demônios.
- WAE?! - Lee Hi disse na mesma hora. - É o estilo mais legal pra ver em grupo!
- Não, eu não gosto. Tenho medo.
- Poxa, é o meu favorito.
- Também acho legal. - Min-Ho disse. - Suspense, terror.
- Combina mesmo com você. - HaN provocou, mas logo sorriu. - To brincando, Min-Ho-Shi! Eu também acho legal. Poxa, Stella-shi! Mas é tudo mentira e se você ficar com medo, pode me abraçar que eu deixo.
Stella levou a mão até a testa, rindo, mas meneou negativamente.
- Não gosto nem da música. Mas fora isso, eu assisto qualquer gênero.
- Um dia você vai ver terror com a gente. - Lee Hi declarou. - Ela tem que ver. - Insistia daquele jeito fofo.
Ui-Jin meneou positivamente, porque concordava com os outros. Terror era um dos melhores estilos para assistir em grupo e seria legal uma sessão de cinema com direito a muitos sustos e trollagens. Se bem que… - quando pensou na quantidade de besteiras que podiam acontecer, ele olhou brevemente para a expressão de Dong. Teve a impressão que viu chifrinhos em sua cabeça, revelando que aquele anjo virginiano, era um diabrete.
A conversa sobre filmes rendeu durante todo o almoço. Como eles tinham combinado, não demoraria muito. Saíram por volta das 12:20 P.M do colégio e já eram quase 2:20 P.M. Apesar das compras que fizeram, eles eram bem objetivos. Porém, Sunny e Lee-Hi estavam começando a se atrasar bastante. Talvez até tivessem que negociar uma hora extra no fim de semana ou ficar mais tempo ao longo dos próximos três dias.
Felizmente, ela tinha o filho da patroa como álibi.
Quando eles se despediram dessa vez, foi pra valer. Os meninos seguiriam no carro de HaN e Dong teria a possibilidade de escolher. Ou continuava com Stella e ia até a loja de uniformes para que Sunny e Lee-Hi comprassem seu novo conjunto ou ia com os meninos. Caso optasse ir com as meninas, ele perceberia que Stella só estava brincando sobre demoras. As compras foram bem rápidas - porque a loja já estava sob aviso de que isso aconteceria. Cada uma sairia com um uniforme novo e haveria uma última parada até o café, antes que Stella o levasse para casa em definitivo.
7:00 P.M.
O saldo do segundo dia na escola finalmente tinha sido positivo. O diretor não estava mentindo quando disse que resolveria aquela situação e, de fato, se posicionou diante do triste evento do dia anterior. Sunny agora tinha um uniforme novo e tivera justiça, de certa forma - o valor seria pago por Yerin e Hyemin, além das duas terem que limpar a sujeira que fizeram. Isso sem contar, é claro, com uma eventual resposta dos pais. Mas aí já não era problema de Sunny e podia ficar apenas na imaginação.
Fora isso, Sunny também teve um bom momento com seus novos amigos. Quando ela passou no WangJo podia ter certeza de que sempre teria Joo-Hyuk ao seu lado. Ele que fora seu amigo durante todo o ensino fundamental e era parte importante de sua vida e história. O que ela não podia imaginar era que fosse se dar bem com pessoas tão diferentes em tão pouco tempo.
Claro, ainda havia aquela sombra dos olhares odiosos e invejosos que ela recebia. Mas a companhia de Stella, Dong e seu grupo aliviavam um pouco essa situação.
Stella ainda cumpriu com sua palavra e a acompanhou até a loja - com Dong e Lee-Hi também - para que comprasse um novo uniforme. Após a resolução, teve a delicadeza de deixá-la no trabalho e prometeu que a visitaria em breve.
O comentário serviu como um gatilho de memória, pois outra pessoa também tinha prometido “conversar com ela depois”. No dia anterior, tinha sido impossível, será que ele iria hoje, então? Mal conseguiram se ver direito naquele dia, apenas de estudarem na mesma sala. Mas ele tinha sorrido quando a viu chegar, não foi? E tinha sido gentil ao ceder o carro ontem.
Sunny não teve muito paz depois de pensar nisso. O café estava bastante movimentado naquela terça-feira, ainda mais com a volta às aulas de escolas e universidades. Tanto na parte da biblioteca quanto a cafeteria em si já tinha um constante movimento de vai-e-vem das pessoas. Cada vez que aquele sininho tocava, ela podia jurar que via um rapaz da altura de Jung, mas nenhum deles era.
Para piorar, a playlist que dava um som ambiente à area de comida começou a tocar uma das músicas favoritas da menina. Nessa terça-feira, ela estava como garçonete - o que “piorava” um pouco a ansiedade e as olhadas na direção da porta. Lee-Hi que estava cuidando dos livros.
A música num som aceitável começava a invadir o ambiente. Tinha feito sucesso num dorama famoso lá pelo ano de 2016, mas era querida até os dias atuais.
Jin-Ki, o barista, até dublava um pouco a parte do rap atrás do balcão. Hye-Sang - a outra garçonete - revirava os olhos quando ele fingia que a música era para ela. Era uma cena fofinha de se ver, ainda que desse um aperto no coração quando qualquer um percebia que havia sentimentos ali, mas Hye-Sang os ignorava.
O tempo passava e nada da chegada de Jung-Mi. Será que ele tinha esquecido?
Uma pessoa, contudo, não tinha esquecido.
Por volta das 7 P.M, o sininho tocou e uma menina diferente pisou ali. Chaeyoung usava um vestidinho de alças finas, preto com estampa de raios. Por baixo, usava uma blusa branca de manga curta e allstar de couro preto. O cabelo castanho tinha ganhado umas mechas roxas. Seus braços estavam lotados de pulseiras diferentes e os dedos com mais de um anel. Chaeyoung era um pouco extravagante, mas aquilo combinava com ela, de certo modo. Olhou ao redor e acenou quando viu Sunny.
- Oláá! Que lugar fofinho!! - Comentou animada enquanto se aproximava e abraçava a menina que ainda usava avental e tinha um pouco de café manchando a peça. - Foi tudo bem no passeio? Cade a Lee-Hi-shi?
Esperaria as respostas antes de se acomodar numa das mesas. a menina estava encantada com o charme do lugar.
- Sim, é a melhor estratégia para uma criança como eu. Olha bem minha carinha aegyo que convence até um mau humorado a comer bimbipad! Não que essa pessoa seja você, mas… - Ergueu um pouco as mãos e deu uma risada.
O menino tinha bastante lábia, além de ser esperto. Não era doce ou quietinho como Jung-Mi costumava ser, mas a simples presença dele parecia reativar aquele lado bom de Hyun-Hee. Tinha sua certa dose de inocência ali - tanto que ele ficou impressionado com os 10 mil wons, ainda que não fossem lá grandes coisas.
A garçonete ouvia a conversa e corou um pouco com a forma que Hyun-Hee a encarou. Não era uma menina feia, longe disso, mas tinha um rosto normal. Nada de memorável ou que se comparasse às beldades do WangJo. Ela voltou a atenção para o bloquinho e tentou abstrair daquela presença marcante que Hyun-Hee tinha.
- Mas você acabou de dizer… - Dae-Ho disse, mas revirou os olhos e falou. - No capricho, por favor.
Voltou a encarar Hyun-Hee e respondia às suas perguntas enquanto a garçonete ia providenciar a comida. O menino se animou com as indagações de Hyun e fez uma pose de fighting.
- Quero sim! Veja bem, eu não sou o mais rápido ou mais forte, mas tenho um raciocinio rápido e ninguém me ganha no video game. Sou muito bom mesmo, só preciso do equipamento certo.
Mexia em alguns guardanapos e ficou boquiaberta quando ouviu que os herdeiros das duas maiores empresas que investiam em e-sport tinham filhos no WangJo.
- Séério? Mas meu hyung nunca faria amizade para tirar vantagem. Tenho certeza de que se ele falar com essas pessoas, ele vai me dizer...Mas acho que não. Ele comentou sobre dois bolsistas como ele. - Não estava desanimado com isso até porque admirava tudo o que o irmão fazia.
Porém, uma pessoa como Hyun-Hee podia imaginar que eles pensavam pequenos. Por que uma pessoa tendo contato com gente mais importante, faria amizade logo com semelhantes? Talvez por isso esses bolsistas acabassem se ferrando logo de cara. Porque não eram lá muito espertos, apesar do diretor ter se posicionado à favor deles. Bom, mas aquilo não era lá problema dele, afinal, tinha voltado obrigado. Por ele, podia deixar toda WangJo explodir e continuar sua vidinha no ocidente.
A garçonete adiantou a entrada e a água que ele pedia. O pedido não demorou nada para chegar, mostrando a eficiência da cozinha. O cheiro do bimbipad ia longe e a cara parecia mesmo comida caseira. Era farto demais e não tinha aquele requinte de restaurantes com estrela Michelin. Parecia ser exatamente o que ele estava buscando.
Enquanto comia, porém, ele nem imaginava que naquela movimentada rua, um celular era o suficiente para acompanhar a rotina dele.
Foi breve, mas o suficiente para uma série de fotos de alta qualidade de Hyun e o garotinho, naquele restaurante. No dia anterior, as fotos foram no shopping e ele não tinha sido mais visto. Agora estava numa rua duvidosa. No dia anterior, sozinho, agora na companhia de um menino. Aparentemente, o retorno dele para a Coreia do Sul não foi aceita de braços abertos pelos antigos companheiros.
Ele não estaria mendigando atenção de um desconhecido, caso tudo fosse como antes.
Teriam mais fotos ali, mas uma terceira pessoa fez parte do cenário e o homem ajeitou o boné antes de continuar suas “compras”.
O secretário Lee entrou no restaurante um pouco sobressaltado. Hyun-Hee e Dae-Ho estavam ali há bastante tempo e a comida não tinha chegado à metade. Por conta de sua atenção sempre redobrada - quase que paranoica - Hyun-Hee viu uma belissima noona saindo da cozinha para falar com uma das mesas próxima à porta. Seria ela a “Dona Yu-Mi”? Não tinha aparência de muita idade para ser uma “Dona”.
Nesse instante, a porta foi aberta e o Secretário Lee entrou daquele modo. A mulher tinha acabado de se virar de novo e esbarrou com tudo naquele alto homem de roupas formais. Ela deu um gritinho e recuou quase tropeçando, mas ele a pegou rapidamente, por puro reflexo. Os dois se encararam e Hyun-Hee poderia achar quase ridicula aquela cena de dorama, mas estava vendo com os próprios olhos mesmo.
- …!?!?!? - A mulher o encarava com os olhos arregalados - O que você está fazendo!? - Começou a empurrá-lo enquanto se ajeitava. - Como entra assim no meu restaurante?
- er...er...ahm...eu...Mian hamnida! Não foi minha intenção.
- Hunf! Sente-se, Ajosshi! Aigoo.. - Ajeitou a roupinha e saiu às pressas para a cozinha de novo.
O Secretário Lee ficou um pouco confuso, mas logo ajeitou sua gravata e procurou por Hyun-Hee. Ao encontrar o jovem patrão, marchou até ele e o reverenciou.
- Senhor. Sinto muito por interromper o seu almoço… - Mesmo que já estivessem no fim. - Mas precisamos ir para casa. Temos algo importante para conversar…
O garotinho que o acompanhava, observou toda aquela cena bastante surpreso. Agora, contudo, o clima parecia nitidamente mais tenso. E a forma como o Secretário Lee o encarava indicava que não estava pedindo isso à toa ou mero capricho.
4:30 P.M.
MiSoo treinava com Jin-Hee há cerca de três anos e, ao longo desse período, as duas tinham construído uma relação de amizade e fraternidade. A jovem não podia considerar Jin-Hee sua mãe, porque ela não era tão mais velha assim - no caso, era só doze anos mais velha. Porém, Jin-Hee podia sim ser considerada como uma irmã mais velha. A irmã que MinT nunca foi, pois ela era amiga, companheira e sabia escutá-la, mesmo que, eventualmente, também brigasse e cobrasse bastante de MiSoo.
Naquela tarde era o momento de escutar.
Até porque, Jin-Hee estava preocupada com as mudanças gradativas que vinha acompanhando na menina. Como elas ficaram três semanas sem se verem durante as férias, Jin-Hee ficou surpresa como ela tinha secado ainda mais. Mesmo sem os exercícios, MiSoo tinha emagrecido bastante, o que indicava que estava levando sua dieta à sério. Por um lado era ótimo, por outro, muito preocupante.
Conhecia o suficiente da família para saber que tipos de cobrança ela podia ter. Por isso achou por bem fazer aquela pausa e, ao seu modo, testava o apetite da menina. A conversa, infelizmente, não foi boa como a treinadora esperava. Não imaginava que ela estivesse com problemas na escola, mas pelo menos ela tinha encontrado alguém para desabafar.
- No lago? Caramba! Como isso aconteceu? - Jin-Hee a incitava a conversar e apoiava conforme ia ouvindo. - Você está certa em proteger seus amigos, só não entre em confusões demais, hm? Não quero saber que você se machucou ou coisa do tipo! Você é muito delicada e preciosa para isso.
Disse de jeito amável. Porém, o que serviu como gota d’água para o choro da menina foi a história do amigo. Nesse instante, Jin-Hee franziu um pouco as sobrancelhas e suspirou. Começou a menear positivamente, como se compreendesse.
- Garotos não são fáceis mesmo… - Suspirou e encheu as bochechas, como se buscasse paciência. - Mas se é seu amigo de verdade, vocês logo vão se entender. Deve ter sido um mal entendido…
Colocou panos quentes e logo se ajeitou na cadeira enquanto esperava MiSoo se recompor. Não demorou para que ela puxasse outros assuntos, como o clube de tênis. Estava animada com o início das aulas, seria o segundo ano dela no WangJo e os feitos do ano passado já estavam no mural de medalhas e troféus. Jin-Hee achava as meninas talentosas e acreditava que conseguiriam formar um bom time. Claro que esperava que MiSoo fosse uma das titulares porque era sua querida, mas admitia que a concorrência seria acirrada.
No fim, a aula de tênis virou um pouco uma sessão na psicóloga. Jin-Hee ficou até mais do que elas deveriam - o que seriam duas horas de treino, viraram quase três, sendo duas só de papo. Quando percebeu, já eram 6 P.M e estavam cheias de coisas pra fazer. Perguntou se MiSoo queria uma carona até o condomínio e, caso quisesse, a deixaria no portão principal. Ela só teria que andar até sua casa.6:20 P.M.
A casa de MiSoo ficava para os fundos e a família Yoon morava um pouco mais à frente. Depois da conversa com sua técnica, ela podia sentir um pouco de alívio por ter desabafado com alguém de fora. Além de também estar com a barriguinha cheia, porque, sem perceber e de modo bem natural, Jin-Hee pediu mais coisas naturais e saudáveis para que elas petiscassem enquanto conversavam.
O melhor de tudo é que ela nem sentia nenhum peso ou embrulho. Era até uma surpresa dada as vezes que colocou a refeição para fora nos últimos dias.
Quando estivesse passando em frente à casa dos Yoon, o carro da família tinha acabado de parar e Gyu-Sik saía dele. Estava sozinho, mas se distraía ao celular. Sua expressão parecia tranquila e ele até deu um sorriso meio bobo, como se gostasse de falar com quem estava do outro lado da linha. Virou-se para bater a porta e, de repente, reparou nela.
Foi fechando um pouco a expressão e se despediu da pessoa, desligando o celular. Enfiou o aparelho no bolso e não soube bem como ela reagiria. Se falasse com ele, ele falaria com ela, mas se não, ele a observaria seguir pela rua antes de entrar em casa também.
Os dois nem imaginavam que duas lojas do condominio tinham novos funcionários que, por acaso, também eram colegas do colégio.
8 P.M
Hyemin teve um dia bastante estressante. O desabafo no diário tinha rendido uma boa companhia consigo mesma - que era tudo o que tinha, no momento - mas algumas lágrimas também. Ninguém a incomodou por um bom tempo e ela só tinha um almoço bem esquisito na barriga.
Teve todo o tempo do mundo para cuidar de suas olheiras e de seu cabelo, porque as horas pareciam se arrastar sem fim. Havia um misto de sensações ali, pois queria que aquele dia horrível acabasse logo - talvez na esperança de acordar e perceber que tudo tinha sido apenas um pesadelo - mas, por outro lado, se aquilo não fosse um pesadelo e o dia seguinte viesse, ela teria que encarar Kim Joo-Hyuk e isso era algo que ela não queria em hipotese alguma.
Por volta das 8 P.M, a governanta bateria em seu quarto.
- Senhorita Seo… - Disse a mulher num tom de voz educado e com uma pitada de preocupação. - O jantar está pronto, Senhorita. Por favor, coma alguma coisa...Ou eu trago até aqui, se a senhorita não desejar descer.
Muito embora Hyemin não quisesse encontrar com seu pai naquele dia, ela podia lembrar que não era uma prisioneira do próprio quarto. O celular era seu amor, mas havia a internet, tv à cabo, telefone e ela podia sim andar pela própria casa. A governanta dava uma boa alternativa, mas até que ponto ela veria aquele quarto como refúgio e não uma prisão?
Caberia a ela escolher.
Seu pai nada diria. Na verdade, ele estava no escritório naquele momento, com a porta meio encostada. No caso dela descer, poderia ouvir a voz dele saindo dali, mas teria que se aproximar um pouco, caso quisesse ouvir.
[ no caso de ouvir ]
- Spoiler:
Seu pai estava ao telefone. Já tinha se livrado do terno e da gravata, mas seu avental estava largado em cima de uma das cadeiras, indicando que ele fizera o jantar daquela noite. Não era só em dias tranquilos que ele precisava da cozinha, quando estava irritado também cozinhava alguma coisa.
- Eu me esqueci. - Dizia ao telefone. - Eu me esqueci que tínhamos marcado para hoje…
O que? O que??
- Sei, eu tenho sido relapso e lamento por isso, mas você sabia disso desde o início. Não estou pronto para dar o próximo passo. - Mas respirou fundo, meio cansado. - Você já deveria saber. Nunca menti.
Um segundo de silêncio enquanto ele massageava a têmpora.
- Certo, isso foi rude. Eu sinto muito. Prometo que da próxima vez não me esquecerei. Tive sérios problemas hoje com minha filha e sim, ela é minha prioridade antes que pergunte.
Estalou a lingua no céu da boca.
- Bom, preciso desligar. Você também. Sinto muito de novo. Até.
4 P.M
Stella e Dong tinham deixado Sunny e Lee-Hi no Café-Literário da mãe do garoto antes de seguirem até Gangnam de novo. O lugar era bastante charmoso e ficava num bairro bem movimentado, ainda que não tivesse todo o requinte e luxo de Gangnam. Quando ficaram sozinhos de novo, Stella teve todo o espaço do banco de trás para si enquanto Dong ficava na frente.
A menina deu as coordenadas da casa de Dong e ficou num ângulo que pudesse encará-lo.
- Então você conseguiu sobreviver às compras das meninas. - Comentou com um meio sorrisinho. - No fim foi mais rápida do que as compras do HaN. Mas foi bem divertido, Dong-shi. - Não Dong-oppa - Talvez eu volte outro dia com mais calma para dar uma olhadinha.
Não tinha comprado nada, mas ela se interessou por algumas vitrine de Harry Potter, Star Wars e até de jogos - ela era viciada em jogos de luta, tanto que ganhou de todo mundo no Mortal Kombat e no SF. - mas não levou nada.
- E eu ouvi bem a história do teatro. Se quer tanto assim, amanhã mesmo vamos nos inscrever lá. Mas quero só ver…
E ainda discutiriam um pouco mais dentro do carro. Antes que percebessem, teriam que se despedir - para o alívio do motorista que não era obrigado a aturar aquelas discussões deles. Stella ficou um pouco mais comportada e se despediu de modo formal dele, esperando que entrasse em sua residência antes de partir.7 P.M
Hayoung tinha avisado sobre o jantar em família. Tinha sido um chamado do Patriarca Dong e os dois filhos e suas famílias - que não eram muito grandes - deveriam comparecer. Dong sabia que a mãe detestava esses jantares. Mesmo depois de quase vinte anos casada com Hyun-Joon, ainda havia aquele estigma dela ser uma “ranking 3” e não uma “1”, como se isso fizesse lá grandes diferenças à essa altura do campeonato.
O pai também não gostava, porque sempre acabava dando problemas, mas ele respeitava muito o próprio pai, por isso não abria discussão. Prometia, contudo, que ela não sofreria nenhum tipo de situação constrangedora.
O que todos sabiam que não era verdade. Hye-Sun sempre se aborrecia.
Hye-Sun já estava vestida de modo elegante com um vestido preto com saia tubinho e joias discretas, porém muito belas. O cabelo estava preso num coque e ela andava de um lado para o outro dentro do quarto, com suas pantufas brancas até que saiu e foi até o de Dong. Já chegou falando.
- Meu filho, se você não quiser ir, nós podemos arranjar uma desculpa. Você não é obrigado a ver essa gente. - Disse um pouco nervosa e fazendo uma expressão de angustia.
Acabava que ela que sofria mais com esses encontros.
9:10 P.M
Won-Bin tinha saído do dojo do modo mais discreto possível, mas nada passava despercebido aos olhos do Mestre Baek. O homem o observava partir daquele modo e só faltou ter uma barba longa para alisar de modo desconfiado - porque seus olhos já diziam tudo. Mandou que os alunos fizessem uma série de chutes enquanto ia ver os equipamentos.
Gritava os nomes dos alunos que chutavam errado, mesmo sem ver enquanto olhava se estava faltando alguma coisa ali. Ao olhar a fileira de nunchaku e dar a falta de um deles, parou e ponderou.“Por que esse garoto precisa de um nunchaku?”
Respirando fundo - e bastante aborrecido - ele só precisou fazer uma única ligação. E o fato de Won-Bin não ter sinal no metrô apenas deixou “a ligação” mais irada ainda…9:55 P.M
Taemin estava jogando a jaqueta para o lado enquanto Jae-Ki fazia seu discurso e alguns passos começavam a se aproximar. O loiro arqueou uma das sobrancelhas, olhando na direção de quem começava a surgir das sombras.
- Hm… - Mexeu o pescoço de um lado para o outro, estalando o mesmo e respirando fundo.
Olhou para Jae-Ki meio entediado.
- É uma pena. Eu raramente dou conselhos, sabe? E é realmente uma pena você não ouvir o que te disse. - Dobrava pacientemente a manga de sua blusa, exibindo os braços dele que conseguiam ser fortes como os de Won-Bin. - Você não deveria nem abrir essa boca para falar comigo, garoto. Quiçá falar de Eun-Bi. Eu disse que ela é uma viúva negra, que ela não tem lá nenhuma honra para você defender. E, mesmo assim, você acha que pode…- Sorriu bastante debochado. -Me dar alguma ordem? Vamos ver se você vai conseguir falar depois que eu te arrebentar.
O sorriso dele morreu e o olhar dele voltou-se para Won-Bin.
- Só um? Que engraçado...Eu também trouxe alguns amigos para assistirem.
Assobiou e quatro caras vestidos totalmente de preto apareceram. Eles usavam gorros e bonés, mas nenhum deles parecia com os meninos do colégio - eram outra galera de Taemin. Ele, como um garoto rico, certamente tinha seguranças, fora os “colegas de treino”. Bastava pedir um favor ou dois que era atendido.
- Esse aí é zé ninguém que tentou defender a MiSoo, né? Deem as boas-vindas a ele. Esse aqui é meu. - Apontou para Jae-Ki. - Vou mostrar quem é o isekiya!
- Spoiler:
Jae-Ki vs Taemin
Rolagem: Dificuldade máxima das rolagens do Jae-ki. O mínimo é 5 (se tirar 5 ou menos, considerar 5)
Taemin: Físico 1. 1.80m x 70 kg. Judô e TKD
Jae-ki: Físico 2. 1.75m x 60 kg. Hapkido + memoria corporal + ódio no coração
Persephone efetuou 1 lançamento(s) de dados (d10.) :
2
Jae briga:
Gakky efetuou 1 lançamento(s) de dados (d10.) :
3
Taemin não se fez de rogado, ele começou a se aproximar de Jae-Ki cheio de determinação. Jae-Ki podia não conhecer todas as artes marciais, mas percebia que o modo como Taemin avançava era semelhante ao modo como atacavam no judô. Jae-Ki até conseguiria resistir um pouco e dar contra-golpes, invertendo a chave. Porém, quando Taemin encontrou a guarda aberta nas pernas, ele fez Jae-Ki voar e bater com as costas no chão enquanto o imobilizava por cima.
O impacto das costas naquele chão de cimento o faria perder o fôlego por um segundo, mas a adrenalina falava mais alto. Jae-Ki ainda estava consciente quando viu a mão de Taemin crescendo com um punho contra sua cara.
E depois do primeiro soco, ele começaria a ouvir como se sua cabeça estivesse dentro de um sino que não parava de badalar.
Um crack que não era seu, seguido de gritos podia ser ouvido na direção de onde Won-Bin estava.
Dois caras tinham avançado na direção de Won-Bin. O primeiro já chegou dando um gancho direito enquanto o segundo deu uma rasteira e o levou ao chão. Tudo tinha sido muito rápido e o nunchaku saiu dos bolsos e ficou próximo de sua mão esquerda. O problema é que aquilo não era um dos filmes que ele gostava de assistir.
- Spoiler:
Esquivas marotas
isaac-sky efetuou 2 lançamento(s) de dados (d10.) :
1 , 5
nunchaku do desespero
isaac-sky efetuou 1 lançamento(s) de dados (d10.) :
1
Era a vida real e seu nariz já sangrava depois do primeiro soco. Quando ele tentasse pegar o nunchaku, ele sentiria o pisão da bota de um dos caras contra seus dedos. Ele meteu a bota e girou o calcanhar sobre os dedos. O crack ecoou pelo lugar, pois, pelo menos dois dedos estavam quebrados.
- Mas já!? - O outro ria enquanto pegava o nunchaku. - Aí. Taemin...Reforço…
Jogou a peça na direção do loiro que ainda estava sobre Jae-Ki, pronto para soca-lo mais. Jae-Ki ouviria a arma de madeira caindo próximo a ele, mas…
O que é que estava acontecendo ali?!