Se era conhecido agora por jogar coisas nos outros, MiSoo também tinha a mesma fama! A aproximação e o sorrisinho - cínico, talvez? - não iriam intimidá-la! Pelo menos não visivelmente...
Estava pronta para confirmar sobre Hyung Hee ter jogado o broche e diria isso bem na cara dele, quando sua visão foi coberta por alguém que se colocava entre os dois, protegendo MiSoo do olhar maldoso do colega - e sabe-se mais do que ele poderia aprontar!
MiSoo surpreendeu-se com a intromissão de Gyu-Sik entre os dois. Apenas por um instante aquilo pareceu a coisa mais incrível do mundo! Alguém que se colocava corajosamente em meio à um conflito e que - na mente da garota - nada tinha a ver com ela. Nem pensava agora que foi nele em quem o broche se chocou... Era uma pena que quando vinha a irmã brigar com MiSoo não havia ninguém para lhe ajudar... Nem mesmo sua prima.
Mas a admiração não durou nada, sendo substituída pelo medo que tinha reprimido ao decidir encarar o irmão de Jung Mi.
E se Hyun Hee decidisse que iria revidar contra o garoto de forma agressiva? Ele mal tinha fôlego para correr! E se ele se machucasse? Não queria ninguém ferido por causa de besteiras que acabava fazendo por culpa de sua impulsividade.
Gyu-Sik começou a falar com o ex-cabelo-de-ketchup, mas era de um jeito respeitoso e não ameaçador como MiSoo fizera à poucos instantes atrás. A garota acabou lembrando-se de que ele era amigo do irmão do garoto em frente à eles. Talvez Gyu-Sik, por conhecer melhor Hyun Hee, conseguisse apasiguar aquele olhar maldoso dele. Porém, mesmo com essa possibilidade parecendo agora bastante provável, MiSoo não conseguia deixar de se sentir bastante tensa com s situação, acabando por segurar o braço de Gyu com certa força, querendo o puxar para longe do colega, mas sem realmente fazê-lo.
Quando Gyu-Sik explicou ao ex-ketchup que MiSoo não tinha a intenção de machuca-lo, a garota fez uma expresão bicuda para Hyun Hee por cima do ombro do seu defensor. Nem era verdade aquilo. Quando jogou queria que machucasse mesmo! Não tinha machucado Gyu-Sik ao jogar a jóia em seu ombro???
BoMi voltou a abraçou o braço da amiga e em resposta MiSoo se deu conta que segurava o braço do irmão dela e o soltou, sentindo-se um pouco constrangida e dando um passo para trás, embora logo houvesse esquecido isso, pois Gyu-Sik dizia sentir muito com o ocorrido. MiSoo fez uma careta contrariada, estava arrependida de ter agido por impulso, mas não de ter acertado ele!
Antes que pudessem presenciar alguma reação de Hyun Hee, MiSoo sentiu o peso da realidade na forma de uma mão em seu ombro. Uma mão que lhe fazia lembrar-se de que estava em um maldito evento social e que não era livre para agir como ela mesma. Só poderia não chamar a atenção da mãe negativamente se agisse como se fosse uma boneca sem alma!!
Mas foi a voz da mãe que fez a garota estremecer de verdade. E pela voz não estava tudo bem, MiSoo já tinha percebido. Por que ela tinha que aparecer logo nessa situação??
- Ommoni... - foi tudo o que conseguiu dizer diante da presença intimidadora daquela mulher.
Baixou a cabeça e deixou que a mãe falasse com os demais presentes com aquele jeito gentil, porém falso dela. Agora não tinha mais a coragem para comentar nada sobre o ocorrido. Já imaginava que teria um enorme problema quando a mão lhe puxasse para longe dos amigos, principalmente se o colega mais velho resolvesse contar para ela o que tinha acontecido.
Deu um discreto suspiro de alívio ao ouvir Gyu-Sik dizer para a Sra. Yeun que estava tudo bem. Se ela não houvesse visto MiSoo jogar o broche talvez isso acabaria ali mesmo. No entanto viu Hyun Hee abrir a boca e começar a responder. MiSoo já se encolheu toda, esperando pelo pior. Por uma vingança amarga pelo objeto que batera em seu ombro.
A resposta do garoto tinha sido tão inusitada que MiSoo ficou uns instantes paralisada e boquiaberta.
"Incrível Beleza"!?!?
MiSoo sentia o rosto ficando super quente com o elogio inusitado. Arregalou os olhos na direção do ex-Ketchup por um instante, mas logo voltou-os em direção ao chão. Começando a imaginar se aquilo não houvesse sido uma espécie de provocação do garoto..."Por que alguém diria que..." E lembrou-se do que Gyu-Sik dissera, corando outra vez com o rosto ainda abaixado.
Sendo mentira ou não, o colega de classe não tinha tentado lhe incrimidar diante de sua mãe e isso já era algo importante! Quando percebeu isso e ergueu o rosto, ainda se recuperando da vermelhidão meio oculpa pela maquiagem, Hyun Hee já tinha pedido licença e se afastado do grupo e a mãe de MiSoo também queria fazer o mesmo. Não tinha como negar. MiSoo deixou que a mãe lhe conduzisse em direção ao camarote de sua família, mas no trajeto olhou para trás e acenou, mas lançou um olhar penoso aos amigos de como se fosse um animal que sabia que estava indo em direção ao abate.
O jeito com que a mãe lhe arrastava só confirmava à MiSoo que ela logo iria reclamar de algo, só não esperava ser jogada contra a parede e quase machucar o pé graças ao salto.
Resmungou quando levou a bolsada na mão e baixou a cabeça mais uma vez, escondendo o rosto triste e o olhar choroso. Ouviu cabisbaixa toda a reclamação e o sermão que a mãe lhe passava e a parte sobre "a mais bela dessa noite" quase passou batido aos ouvidos da garota. Na verdade ela levou um tempo para processar a frase, mas sabia que a mãe não era o tipo de pessoa que brincaria com aquilo ou que exageraria em um elogio só porque era sua mãe, já que nunca se continha na hora de fazer acusações e reclamar da aparência da filha.
Quem tinha dito isso!?
Lembrava-se que já tinha recebido vários elogios, sendo um deles bem duvidoso e outro que lhe deixara bastante surpresa. Mas... " A mais bela"?? Que grande exagero era esse??
Os pensamentos logo foram interrompidos, pois sua mãe já estava ciente que MiSoo tinha arremessado algo contra o colega, que por acaso era um rank 1 também.
- Foi ele quem começou... - resmungou por entre os dentes, como se fosse uma pequena criança, mas sabia que nada do que dissesse faria diferença ali - Miane... - continuou encolhida contra a parede, após a última frase da mãe, a qual a acusava de lhe trazer decepções.
A voz de sua halmoni ecoou pelo corredor e MiSoo ergueu os olhos agora esperançosos na direção da mãe de sua mãe. Felizmente ela estava lá e podia ajudar a neta em um desses omentos em que a mãe jogava sua raiva sobre a cria.
Ouviu a pequena discussão entre as duas em silêncio, embora estivesse muito grata pela chegada da avó para interromper o sermão da mãe. O olhar que a Sra. Yeun lançou lhe fez ter calafrios, mas logo foi tirada do poder que o ohar exercia sobre ela quando a avó lhe puxou e he afastou da mãe.
MiSoo nem ousou encarar mais a mãe depois que sua halmoni tinha mandado a filha ir para o camarote comose nem fosse uma adulta. Com certeza a Sra. Yeun deveria estar com muita raiva agora.
Assim que a mãe se retirou, MiSoo abraçou a avó e agradeceu, aliviada de ter sido poupada de mais palavras duras de sua progenitora. Queria poder comer algo agora, o nervosismo e a ansiedade de novo lhe deixava com o anseio de por algo no estômago, mas naquele vestido era uma tarefa impossível. Teria que aguentar até o fim do evento. Até chegar em casa e poder tirar a roupa.
Logo voltaram ao camarote e MiSoo sentou-se no lugar em que tinha deixado sua bolsa bege com detalhes dourados. Perto da avó e da prima. A ópera logo começaria e MiSoo nem teria tempo de pensar em tudo o que tinha acontecido no curto período em que ficara na sala VIP.
Sua atenção logo se voltou ao espetáculo e a beleza nos cenários, efeitos e vestuário. Gostava de assistir esse tipo de entretenimento, ópera, teatro desde que não fosse muito chato ou maçante, exatamente como avaliaria se gostava ou não de algum filme, entretanto achava essa história um tanto densa demais. Não era algo que lhe agradava muito, mas podia asssitir. Não ia ficar a ópera toda dormindo ou olhando para o nada. O melhor era prestar atenção. Logo estava imersa na história
Algumas partes eram bem interessantes e emocionantes, outras um pouco chatas e cheias de músicas que não faziam muito sentido para a garota, mesmo assim estava interessada o suficicente para acompanhar e se emocionar com a história.
Depois de uma hora e meia de espetáculo, tinham finalmente chegado ao intervalo. MiSoo já estava cansada e com os olhos vermelhos de tanto chorar com as partes que considerava tristes - e talvez tenha chorado também um pouco por causa do sermão que levara da mãe em pleno teatro. Queria ir ao banheiro verificar o quão ruim seu rosto estava e tentar dar um jeito o mais rápido possível para não chamar atenção de ninguém ali.
Chamou a prima para lhe acompanhar e logo sairam do camarote para o corredor, no entanto, antes que chegassem ao seu destino, MiSoo visualisou Hyun Hee, andando logo à frente. Lembrou das palavras dele e sentiu-se envergonhada novamente, mas tentava se focar no fato de que ele não tinha lhe entregado - e que também mentiu sobre sua aparência para desviar a atenção da mãe. Queria aproveitar a chance e agradecer quanto à isso - afinal ele tinha a ajudado depois que ela jogou a jóia nele - mas o rosto vermelho do choro certamente não estava apresentável. Não importava, tinha que fazer isso logo antes que perdesse completamente a coragem ou desistisse ao lembrar que o objeto tinha sido - PROVAVELMENTE - arremessado por ele, para começo de conversa.
A garota engoliu os seco, ajeitou os ombros e tomou coragem para ir até ele agradecer, no entanto, quando chegou, virou o rosto na direção do colega, mas manteve os olhos baixos, na direção do chão, impedindo que o rosto fosse, de fato, visualizado. Não queria mais ninguém lhe vendo com rosto de choro. Principalmente mais um garoto!
- Komawoyo... Por mentir. - falou meio baixo e de modo um tanto inseguro, mas assim que terminou a frase passou por ele e foi em direção ao banheiro para dar um jeito em seu rosto.