Santa Mônica

Jade olhou aqueles individuos como se estivessem planejando uma forma de tornar sensacionalista até a sua chegada. Haveria algum estagiário desinformado para fazer alguma pergunta estúpida naquela ocasião? Reconhecia que assim como ela era pressionada a ter a solução dos crimes, eles eram pressionados a obter informações, a dizer à sociedade o que estava acontecendo, a todo custo. E se nem mesmo ela, que em teoria tinha informações privilegiadas sabia... Tanto fazia... mesmo se os jornalistas fossem anormalmente compreensivos, não mudaria em nada seu comportamento.

"Será que eu deveria ter marcado hora no salão?", pensou com deboche ao sentir os primeiros flashes no rosto.

"Pelo menos eles também sabem a hora de ficar quietos", concluiu assim que o burburinho cessou. Se havia uma vantagem naquela sua posição era o silêncio respeitoso que as pessoas se forçavam a fazer.

Respirou fundo e começou a falar.

- Boa tarde a todos - olhava aquelas cabecinhas curiosas. Eram nada mais do que a população assustada também. - Como todos sabem estamos enfrentando um momento conturbado em nossa cidade. Esses "fenômenos" estranhos que estão acontecendo estão assustando famílias e deixando nossa população escondida em casa... - Não era de seu feitio escrever discursos, então preferia ser mais direta no improviso - Vocês devem estar se perguntando o que a polícia está fazendo para conter esses monstros. Vim hoje para garantir a todos que nosso departamento está concentrando todas as forças para atender ocorrências e preservar a segurança da comunidade. - Estava cansada do próprio discurso genérico. Sabia que aquilo era pouco. - Nós não vamos deixar os habitantes de Santa Mônica viverem com medo. Vamos capturar todos esses infratores e prendê-los como aquilo que são: criminosos.

Igor Radesh estaciona o carro com a mesma habilidade que batia uma carteira.

O Cigano se sentia em plena forma.

Um sorriso repitiliano e os poucos pelos que saiam do seu peito eram sua armadura naquele habitat.

Andando casualmente ele procura algum morador de rua que possa lhe indicar o caminho. Eles sempre sabem onde encontrar as drogas.

Ah, o barulho de corvos... era o que parecia quando todos aqueles jornalistas falavam ao mesmo tempo. Teve um certo esforço para pedir com moderada educação, ainda que fosse terrivelmente firme, para falarem cada um de uma vez. Não tinha medo de seu rosto estampar os jornais com alguma chamada sensacionalista. Já sabia que isso aconteceria e achava que a culpa de a tornarem uma pessoa "pública" era da própria Polícia. Não tinha um pingo de talento para relações públicas e todos no departamento sabiam disso. Sua espontaneidade era o que eles teriam agora.

- Nós estamos liberando policiais de alta patente para cuidar do caso. - Utilizou a palavra "liberando" porque sabia que muitos simplesmente não estavam tão comprometidos assim.  - O que vocês verão nas ruas será nossa melhor equipe. Estou falando de comportamento militar. -  Ao menos, tinha feito solicitações de novos equipamentos para combater as aberrações de rua e tentado acordos para treinamentos de emergência do exército para novos policiais.  - Abrimos o Disque Denúncia anônimo para que a população possa alertar à central sobre casos específicos de mutantes. Se a população identificar um vizinho com comportamento suspeito, deve comunicar imediatamente ao 142 para que seja investigado. Qualquer incidente mutante terá prioridade e equipe especializada 24 horas.

off: =p espero que eu não tenha viajado muito.

O vento, o sol, o sal...

Igor parecia um menino do rio, faltando, tão somente, o dragão tatuado no braço.

Ele estava ciente da atenção de atraia enquanto cruzava aquele calçadão.

Por duas vezes tinha se sentido tentado a parar e jogar seu charme às mulheres que passavam. Era um amante latino acima de tudo, mas a missão lhe trouxera à meta.

Sabia onde encontrar aquilo que procurava, o submundo era sua realidade e ele estava ali, para que soubesse achá-lo.

Seus pés navegaram displicentemente até o banco que havia na orla, até mesmo os descolados de Melrose Place necessitavam de dinheiro. Mas não era isso que ele procurava, não agora.

Os sinais eram claros e ele soube lê-los. O mendigo estava ali, seu mais novo informante. Bastava, somente, trazê-lo para si. E sua gorda carteira era o chamariz.

Serpenteando hipnoticamente ele se aproxima do sem teto, não sem antes colocar uma nota de 50,00 entre os dedos das mãos, de forma que so quem olhasse para sua palma percebesse.

Acenando para o Mendigo com a palma da mão em sua direção o Rom o saúda

- Boa tarde Senhor. Preciso da sua ajuda

- Isso é informação confidencial. Mas posso dizer que estamos avançando bastante nossa investigação. Se houver algum mutante disposto a colaborar com a polícia nesse sentido, terá seus direitos preservados. - A ideia era estimular uma certa discórdia entre os mutantes, especialmente se algum deles tivesse vestígios de consciência humana. A parte de "direitos preservados" era simplesmente um jeito carinhoso de dizer que não seriam mortos. Só isso

Spoiler:

A dentição perfeita do malandro contrastava com a do morador de rua.

Ele agradecia internamente pela benesse daquele eclipse. Não fosse ele, talvez aquele fosse seu fim.

O Rom sabia que poderia controlar o Gadje, mas preferia tratar com ele a moda antiga. Seu sorriso sibilino, alvo e cativante era sua principal arma.

A malemolência da voz se fazia presente

-Meu amigo, preciso de algumas informações, e da onde saiu esse presidente Grant muitos outros podem saltar.

Ele aguarda o mendigo demonstrar que havia entendido a proposta, e continua, fazendo notar sua voz melodiosa

- Preciso saber onde encontrar um rapaz chamado Kevin Mason, ou a quem negocia o movimento nessa região?

O Rom parecia ter se desacoatumado a ser contrariado, nesses últimos 2 meses.

Uma quase perceptível irritação transpareceu para, logo depois, se perder no sorriso de seu rosto.

Ele puxa mais 2 notas de 100,00 e comenta com uma piscadela.

- Um amigo e 2 Benjamins Franklins querem saber

A paciência de Jade estava se esgotando. Será que não entendiam que não eram só eles que ficariam atentos às informações? Queria encerrar logo aquele mar de perguntas, mas achava que estava se saindo surpreendentemente bem.

- Aqueles foram os unicos casos associados, mas a policia esta atenta para qualquer incidente sobrenatural. A linha especial servira para separar casos mutantes de alucinacoes. Todos os casos serao analisados. Em caso de trote, saiba que temos como rastrea-lo. - Fez a pequena ameaça em tom muito sobrio, pois falava bem serio, embora nao fosse verdade que absolutamente todas as chamadas seriam analisadas.