Capítulo 1 - N'yloth Tsarram

Todos haviam se sentado à mesa, com a exceção de Janus que permanecia de pé perto da lareira. Grimlock aceitou entrar na mansão e fez uma oração a seu deus, e então eles se propuseram a comer e a beber. O mago Cenwyr questiona os interesses egoístas de Shaíra, que rebate a pergunta em tom irônico para os demais. Arthminos responde educadamente:

- Todos nós temos nossos objetivos pessoais, mas o bem dos Vales deve ficar no topo de nossas prioridades. Nós vivemos aqui, esta é a nossa terra e não podemos deixar alguém como Zankharon assumir o poder e começar o seu reinado de tirania.

O barão se serve de uma taça de vinho e a reunião começa de fato quando Janus lê a carta dos drows endereçada a Zankharon. Uma série de questionamentos e opiniões são dadas e ouvidas, mas o necromante - enraivecido e com o orgulho ferido pela perda do controle de seus mortos-vivos - xinga a serva de Talos, que age impulsivamente fazendo um gestual para lançar uma magia, que é interrompida graças a Janus Cenwyr. O mago dissipou a coluna de chamas que estava sendo conjurada em cima da cabeça de todos. O clima fica tenso por um momento, e então Shaíra se coloca aos pés de Arthminos.

- Levante-se, minha senhora, vamos, você sabe que eu nunca iria mandar uma dama para o harém que Maptys tem nos confins do mundo. Eu sei do valor que você tem, mas por favor, senhora, tente se controlar um pouco mais. Nem todos os servos de Talos que conheci eram tão imprevisíveis quanto os trovões.

Arthminos aguarda Shaíra se levantar e se sentar de volta a mesa. Ele pega uma garrafa de vinho, serve uma taça e a oferece a mulher. Todos agora estavam sentados ao redor da mesa e o clima parecia ter ficado um pouco mais leve. Após a opinião de todos, Arthminos se manifesta sobre alguns pontos abordados.

- Eu poderia tranquilamente falar com o Haresk Malorn, mas vocês não estão percebendo um detalhe nisso tudo. A carta que Janus tem, além de ser uma cópia da original como ele mesmo disse, não servirá para depor contra Zankharon por um motivo bem simples. Nós não temos provas de que ele respondeu aos drows, e o que ele respondeu. Ele pode ter simplesmente negado a oferta. Talvez ele não vá para o local que os drows sugeriram para o encontro. Ou talvez ele tenha sugerido outro ponto mais seguro para eles fazerem as suas tramoias.

O barão corta um pedaço do peru com o garfo e a faca, e após a primeira mordida, segue falando aos demais.

- Não temos certeza de muitas coisas, mas de uma coisa eu presumo estar certo. A espada que os drows se referem é a antiga espada de Aencar, aquela que precisaremos recuperar para ganhar a confiança do povo sob a nossa bandeira. Os drows invadiram essa mansão e raptaram o fantasma do antigo rei dos vales, e devem ter levado alguns de seus pertences junto. Ou então usaram as memórias do fantasma para descobrir a localização de cada uma das relíquias divinas que pertenciam a Aencar. Vocês é quem decidirão o rumo do que fazer agora, mas se eu fosse vocês, não acusaria Zankharon sem ainda ter as provas necessárias, pois isso pode voltar contra nós no futuro.