Ao contrário do que eles poderiam imaginar, Sunny adooooorava ir no banco de trás, tá? Ainda mais quando estava sozinha, pois dessa forma, suas PERNAS CURTAS tinham o espaço inteirinho para se acomodarem com bastante conforto, hum! Esse traço foi herdado da parte materna, já que tanto o pai quanto os irmãos possuíam alguns bons conjuntos de centímetros de altura. Por isso eles a perturbavam cheios de propriedade e piadinhas pré-preparadas. Sunny fingia birra, mas não ficava zangada de verdade, no entanto, tratava-se de um excelente pretexto para implicar também... Afinal, todos conheciam o poder da boca dela quando entrava no modo “FIGHT!!!”. Poucas foram as ocasiões em que perdeu uma réplica ou se deu por vencida numa briga. Mas sabe como é... Ela não procura problemas...
Os problemas que davam um jeitinho de cercá-la.
Enfim.
O assunto acerca das visitas e a festinha da tia YuMi acabou não rendendo. Na resposta do pai, Sunny teve certeza que ele percebeu a hesitação da filha. Queria dizer que não os condenava por decidirem seguir adiante, sendo que era mesmo o certo a se fazer. A vida da família precisava acompanhar o fluxo natural, embora o passado ainda seja um peso severo demais para suportarem. Queria dizer mais coisas... Tantas coisas...
Mas para alguém que se considerava forte na maior parte dos momentos, ela era muito fraca, e... tentava mascarar a fragilidade.
Inconsciente de que isso, no fim, a deixava mais vulnerável.
Para disfarçar o clima estranho, Sunny voltou a mexer no celular, vendo as últimas mensagens no grupo. Realmente, Chae não explicou direito o que aconteceu e o motivo da Eun-Joo armar uma cena daquele tamanho e proporção por causa do broche. Hmmmmm, Sun-Hee se lembrou que, minutos depois da confusão, ela viu um curioso sorrisinho de Chae na direção do irmão rabugento de Jung-Mi e, pouco antes, quando o garoto foi lhe cobrar explicações aos berros, ela intercedeu e saiu o arrastando para longe.
Meros pensamentos avulsos, pois não tinha como fazer qualquer relação entre os dois e o apetrecho lindinho.
O altíssimo movimento no restaurante não surpreendeu Sunny. Apesar de não possuir o glamour de lugares mais requintados e mil estrelas, tia YuMi era conhecida e a favorita de vários clientes fiéis. Afinal, não conhecia ninguém que cozinhasse melhor do que a titia! Assim que entraram no estabelecimento, o aroma delicioso dos temperos inundou os narizes e atiçou a fome. Quando a titia veio recebê-los, Sunny a abraçou carinhosamente. O trio foi guiado a uma mesa mais afastada, onde teriam privacidade. Ela nem precisou olhar o cardápio e com os olhinhos brilhando e o queixo apoiado nas mãos, pediu uma porção de Soondubu, e depois, metade de outra. Finalmente satisfeita, ela ajudou o pai a levar a louça até cozinha e enquanto o Sr. Kim lavava os utensílios, Sunny secava e guardava nos respectivos locais. Era uma tarefa relaxante quando não se tem a obrigação.
Logo, a família Kim voltava para casa. Já não tinha mais o banco de trás para si, tendo que dividi-lo com os irmãos, espremida no meio deles, e acabou cochilando no ombro de Jun-Pyo.
Bêbada de sono, quase não respondeu a mensagem de Chae depois de despencar no colchão macio e quentinho. Mas os comentários da amiga aguçaram a mente da menina e sorria de orelha a orelha ao ver as selcas.
“Tá merecendo uma montagem, hein?
Ahhh, que bom que você se divertiu, Chae! Não disse? Amanhã, detalhes. Deve ter sido tãããão maravilhosa!
Agora, vou dormir, meninas.
Boa noite, bjs! <3”
No entanto, antes de fechar os olhinhos e entrar no mundo dos sonhos, mandou uma mensagem para Stella.
“Heeey, Eun!
Você sumiu T_T Tá tudo bem? Mande notícias! =D”
E só então, com o aparelho descansando em cima da barriga, Sunny adormeceu.
[...]
Não teve qualquer problema para acordar na manhã seguinte porque estava ansiosa pelo passeio. Não querendo correr o risco de se atrasar, fez tudo bem rapidinho. Ajeitar as coisas, higienização, tomar banho e blábláblá. Na pequena bolsa de lado que escolheu cabia o necessário para a própria sobrevivência: carteira, batom, celular, carregador e uma toalhinha – protetor solar espertamente pegaria emprestado com Yi-Hoo ou Jun-Pyo, não precisava carregar mais peso.
Enquanto procurava um boné dentro do armário, Sunny acabou esbarrando numa caixa e a derrubou. Várias e várias cartelas de medicação espalharam-se, mas o carpete abafou o ruído do impacto. Ela se ajoelhou com pressa e nervosa, começando a guardar tudo antes que alguém aparecesse ali. Todavia, prestes a encaixar a tampa, ela encarou os remédios com raiva e angústia.
E se ela ficasse nervosa?
Ou com dor de cabeça?
Enjoo?
Vertigem?
Como lidaria?Era normal alimentar essas preocupações. Todo mundo levava remédios de emergência! Era uma precaução comum. E... apenas um comprimido tinha a capacidade de silenciar os sintomas da doença que prendeu-se nela feito uma tatuagem grotesca. Não existiam motivos para recuar ou sentir-se mal. Não, não havia.
Furiosa e com os olhos meio marejados, enfiou a mão na caixa e pegou uma maldita cartela, escondendo-a no bolso interno da bolsa, além de fechar o zíper, evitando
futuros perigos.Devidamente vestida e pronta para a curta viagem, ela se apressou até a cozinha, e seu café da manhã resumiu-se num pedacinho da torta de ontem e uma caneca de chá. Também se preveniu com biscoitos, caso sentisse fome durante o trajeto – o que com certeza ia acontecer – e a garrafinha d’água.
A roupa era básica e confortável, como geralmente preferia. Um blusão branco e de mangas compridas, mas o tecido leve a impediria de sentir calor, e um short jeans. Nos pés, escolheu sandálias baixas e coloridas para equilibrar a neutralidade das outras peças. E a protegendo do sol, um bonezinho cor de rosa.
Wearing
Na rodoviária, Sunny precisou se controlar para não dar pulinhos, então limitava-se a mostrar sorrisos avulsos e por qualquer besteirinha que a família dissesse. Aproveitou que tinham alguns minutos e catou várias bobagens gostosas na loja de conveniência, como chocolates e balas. Não parava de falar no quanto seria legal, e que queria tirar muitas fotos, comer muitos petiscos, levar um monte lembrancinhas para as amigas e Kim... e a lista não achava um final. Só dentro do ônibus que ficou quietinha, pois não desejava incomodar os outros passageiros.
Às oito em ponto o ônibus partiu e Sunny bateu palmas discretas.
Ela lançou um rápido olhar para os fundos, vendo o quanto estava lotado e concluiu que muita gente também planejava aproveitar o festival.
O coração acelerava, e dessa vez, por motivos que valiam a pena a perda do fôlego!
Poderia tirar um cochilo até Jinhae, porém considerando o quanto estava inquieta, não conseguiria sequer pregar os olhos porque só pensava na quantidade de flores de cerejeira que formariam um novo céu degradê e tapetes no mesmo estilo belo e perfeito.
Sunny encostou a cabeça no banco e cerrou as pálpebras, deixando que o ambiente influenciasse a sua imaginação... De repente, os vários perfumes difundidos no transporte tornavam-se tão frescos quanto o desabrochar das cerejeiras. Não demorou para que ela pegasse os fones e colocou a trilha sonora adequada da viagem.
Seus amados clássicos.